terça-feira, 5 de abril de 2011

Portugal, um País próximo da Revolta Social?

O que começou por ser a “Revolução dos Jasmins” na Tunísia e que rapidamente se alastrou a outros países árabes, com maior ou menor sucesso, não pode deixar ninguém indiferente. Isto demonstra que sim, é possível. As pessoas quando o desejam, muitas vezes motivadas já pelo desespero, conseguem triunfar sobre a repressão, a corrupção e a tirania.

Africa é um continente de profundos contrastes. Possui imensos recursos naturais, tem das mais belas paisagens do Mundo e paradoxalmente continua subdesenvolvido. Infelizmente tem sido palco de muitos conflitos, sejam eles étnicos, tribais e religiosos. Com o patrocínio da ONU procurou-se instituir eleições “livres” em muitos dos países que aí se encontram. Estas “democracias” não são mais que cleptocracias ou autocracias. Tenho dúvidas se em África haverá mesmo alguma democracia digna desse nome. 

Claro que em Portugal a situação é totalmente diferente. Temos uma democracia “imperfeita” pois está assente numa partidocracia em que os dois partidos do arco governativo, pela situação confortável que têm, só estão interessados em manter o “status quo”. Isso viu-se recentemente quando ambos inviabilizaram uma proposta que pretendia limitar os vencimentos dos gestores públicos ao do Presidente da República. Na prática, estes partidos alternantes são iguais nos seus propósitos. Servirem-se do País quando chegam ao poder distribuindo cargos pelas respectivas clientelas. Até nas nossas embaixadas já se colocam “boys”. A única coisa que realmente muda, são os protagonistas. Tudo o resto se mantém. E é curioso que o que estes partidos da governação têm em comum são as clientelas externas que, indiferentemente de quem está no poder, pretendem continuar a beneficiar dos habituais tratamentos de “favor”. Por isso é que fazem “donativos” para ambos os partidos. Claro que devem alegar que assim contribuem para a consolidação do nosso sistema democrático!

Se tivermos em conta que estas revoltas sociais no Magrebe tiveram na sua génese o elevado desemprego, a miséria, a corrupção e o nepotismo, então pouco faltará para que Portugal tenha também esses ingredientes no peso certo. Não será por acaso que no Facebook e nos correios electrónicos de muita gente já circula um apelo à concentração de 1 milhão de pessoas a exigir a demissão de toda a classe política. Os argumentos são bastante válidos e pertinentes, os quais passo a transcrever de seguida:


““ Exmos, Senhores,
Cá vai um importante contributo, para que o Ministro das Finanças -e todos vocês não continue a fazer de nós parvos, dizendo com ar sonso que não sabe em que mais cortar. Acabou o recreio e o receio!Este e-mail vai circular hoje e será lido por centenas de milhares de pessoas. A guerra contra a chulice, está a começar. Não subestimem o povo que começa a ter conhecimento do que nos têm andado a fazer, do porquê de chegar ao ponto de ter de cortar na comida dos filhos!   
Estamos de olhos bem abertos e dispostos a fazer -quase-tudo, para mudar o rumo deste abuso.
    Todos os ''governantes'' [a saber, os que se governam...] de Portugal falam em cortes de despesas - mas não dizem quais - e aumentos de impostos a pagar.
    Nenhum governante fala em:
    1. Reduzir as mordomias (gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, suportes burocráticos respectivos, carros, motoristas, etc.) dos três Presidentes da República retirados;
    2. Redução dos deputados da Assembleia da República e seus gabinetes, profissionalizando-os como nos países a sério. Reforma das mordomias na Assembleia da República, como almoços opíparos, com digestivos e outras libações, tudo à custa do pagode;
    3. Acabar com centenas de Institutos Públicos e Fundações Públicas que não servem para nada e, têm funcionários e administradores com 2º e 3º emprego;
    4. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores a auferir milhares de euro/mês e que não servem para nada, antes, acumulam funções nos municípios, para aumentarem o bolo salarial respectivo.
    5. Por exemplo as empresas de estacionamento não são verificadas porquê? E os aparelhos não são verificados porquê? É como um táxi, se uns têm de cumprir porque não cumprem os outros? e não são verificados como podem ser auditados?
    6. Redução drástica das Câmaras Municipais e Assembleias Municipais, numa reconversão mais feroz que a da Reforma do Mouzinho da Silveira, em 1821, etc...;
    7. Redução drástica das Juntas de Freguesia. Acabar com o pagamento de 200€ ? por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e 75€, ? nas Juntas de Freguesia.
    8. Acabar com o Financiamento aos partidos, que devem viver da quotização dos seus associados e da imaginação que aos outros exigem, para conseguirem verbas para as suas actividades;
    9. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc., que se deslocam em digressões particulares pelo País;
    10. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia, com o agravamento das horas extraordinárias... para servir suas excelências, filhos e famílias e até, os filhos das amantes...
    11. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros do Estado e entes públicos menores, mas maiores nos dispêndios públicos;
    12. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado. Não permitir de modo algum que carros oficiais façam serviço particular tal como levar e trazer familiares e filhos, às escolas, ir ao mercado a compras, etc;
    13. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e respectivas estadias em Lisboa em hotéis de cinco estrelas pagos pelos contribuintes que vivem em tugúrios inabitáveis...
    14. Controlar o pessoal da Função Pública (todos os funcionários pagos por nós) que nunca está no local de trabalho. Então em Lisboa é o regabofe total. HÁ QUADROS (directores gerais e outros) QUE, EM VEZ DE ESTAREM NO SERVIÇO PÚBLICO, PASSAM O TEMPO NOS SEUS ESCRITÓRIOS DE ADVOGADOS A CUIDAR DOS SEUS INTERESSES, QUE NÃO NOS DÁ COISA PÚBLICA...;
    15. Acabar com as administrações numerosíssimas de hospitais públicos que servem para garantir tachos aos apaniguados do poder - há hospitais de província com mais administradores que pessoal administrativo. Só o de PENAFIEL TEM SETE ADMINISTRADORES PRINCIPESCAMENTE PAGOS... pertencentes ás oligarquias locais do partido no poder...
    16. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos, pagos sempre aos mesmos escritórios que têm canais de comunicação fáceis com o Governo, no âmbito de um tráfico de influências que há que criminalizar, autuar, julgar e condenar;
    17. Acabar com as várias reformas por pessoa, de entre o pessoal do Estado e entidades privadas, que passaram fugazmente pelo Estado.
    18. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP;
    19. Perseguir os milhões desviados por Rendeiros, Loureiros e Quejandos, onde quer que estejam e por aí fora.
    20. Acabar com os salários milionários da RTP e os milhões que a mesma recebe todos os anos.
    21. Acabar com os lugares de amigos e de partidos na RTP que custam milhões ao erário público.
    22. Acabar com os ordenados de milionários da TAP, com milhares de funcionários e empresas fantasmas que cobram milhares e que pertencem a quadros do Partido Único (PS + PSD).
    23. Assim e desta forma Sr. Ministro das Finanças recuperaremos depressa a nossa posição e sobretudo, a credibilidade tão abalada pela corrupção que grassa e pelo desvario dos dinheiros do Estado;
    24. Acabar com o regabofe da pantomina das PPP, que mais não são do que formas habilidosas de uns poucos patifes se locupletarem com fortunas à custa dos papalvos dos contribuintes, fugindo ao controle seja de que organismo independente for e fazendo a "obra" pelo preço que "entendem"...;
    25. Criminalizar, imediatamente, o enriquecimento ilícito, perseguindo, confiscando e punindo os biltres que fizeram fortunas e adquiriram patrimónios de forma indevida e à custa do País, manipulando e aumentando preços de empreitadas públicas, desviando dinheiros segundo esquemas pretensamente "legais", sem controlo, e vivendo à tripa forra à custa dos dinheiros que deveriam servir para o progresso do país e para a assistência aos que efectivamente dela precisam;
    26. Controlar a actividade bancária por forma a que, daqui a mais uns anitos, não tenhamos que estar, novamente, a pagar "outra crise";
    27. Não deixar um único malfeitor de colarinho branco impune, fazendo com que paguem efectivamente pelos seus crimes, adaptando o nosso sistema de justiça a padrões civilizados, onde as escutas VALEM e os crimes não prescrevem com leis à pressa, feitas à medida;
    28. Impedir os que foram ministros de virem a ser gestores de empresas que tenham beneficiado de fundos públicos ou de adjudicações decididas pelos ditos.
    29. Fazer um levantamento geral e minucioso de todos os que ocuparam cargos políticos, central e local, de forma a saber qual o seu património antes e depois.
    30. Pôr os Bancos a pagar impostos. “”
Perante isto, resta saber até quando a classe política vai continuar a subestimar os Portugueses, confiando sempre no chavão de que somos um povo de brandos costumes. É que já não há mais nenhuma face para dar tal é o número de “estaladas” que recebemos.
Na minha modesta opinião… a contagem decrescente já começou.


Caros,

Penso que só num caso extremo poderá dar-se uma revolta em Portugal semelhante à da Tunísia, por diversas razões:
 - O Povo português é manso, e avesso a essas aventuras;
 - Para tal acontecer teria de o pais bater na parede totalmente, sem hipótese de recuperar, ou seja, ficar sem dinheiro para pagar reformas e pensões e a economia entrar numa espiral recessiva que o desemprego chegue aos 30% ou mais, e pelo menos 60% nas camadas jovens.
 - Teria de haver um aumento da cidadania e consciência e espírito nacional, o povo português é muito individualista, só quando lhe forem ao bolso em forte é que vai tomar medidas, até lá, pimenta no cu dos outros... é refresco.
 - As pessoas militam nos partidos políticos como se de clubes de futebol se tratasse. Eu tenho vários amigos em alguns partidos, que quando os critico, mesmo eles sabendo que tenho razão, ficam ofendidos, era como se eu chegasse ao pé de um benfiquista e dissesse que o clube dele é uma bosta! Isso impede as pessoas de pensarem racionalmente e pela sua cabeça, levando a votarem com "clubite" e não no estrito interesse da nação.

Se repararem o 25 de Abril só aconteceu porque foi no decurso da crise dos oficiais milicianos, porque havia a guerra colonial e os militares já estavam fartos dela e por fim por pressões e "ajudas" americanas. 

Não estão criadas as condições para outro 25 de Abril, e tenho muitas duvidas que algo de bom saísse dele. Basta ver o nosso passado recente.

Cumprimentos cordiais

Luís Passos 

1 comentário:

  1. Os meus parabéns pois estou 100% decordo!

    Um abraço e teremos de fazer uma nova revolução.

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