terça-feira, 5 de abril de 2011

Passos Coelho: "Preferiria mexer no IVA a ter que cortar pensões e reformas"

Passos Coelho garantiu que fará tudo para evitar subidas de impostos e quer a economia a crescer mais de 3%. 
 
O líder do PSD esteve ontem no Clube dos Pensadores, em Gaia, tendo, após as questões do público, voltado a falar da situação fiscal do País.
"A resposta dos impostos torna-se inevitável quando mais nada resulta - não foi por acaso que um dia tive que condescender em dar ao Governo essa possibilidade - mas ela não pode transformar-se, como resposta emergente, na resposta normal e contínua", criticou.
Para Passos Coelho quando esta se transforma numa resposta normal e contínua "significa que os governos não fazem aquilo que é necessário e portanto estão sempre na última instância de ter que fazer o que não deviam".

"Eu preferiria mil vezes - é que nem tenho nenhuma hesitação - em mexer na estrutura do IVA a ter que cortar pensões e reformas. O Governo tomou uma opção inversa", afirmou.
O líder do PSD explicou que "estando a falar de pensões tão baixas, de pessoas que já vivem de rendimentos tão baixos" preferiria "se tudo mais falhasse e a ter que fazer qualquer coisa", poupar as pensões e as reformas e mexer na estrutura do IVA, realçando que não alteraria o IVA nos bens essenciais.
"Vai ser necessário ou não? Eu espero que não. Mas para não me fazerem a critica - que têm feito aos outros, de dizer que não e chegar lá e ver que isto afinal está muito pior, portanto vamos ter fazer - prefiro dizer hoje, com todo o inconveniente que isto possa representar, prefiro ser hoje honesto e dizer não sei, não sei", realçou.
Passos Coelho garantiu ainda que fará "tudo para o evitar".
Governo de "dimensão historicamente pequena" e nomeações na internet

O líder do PSD assumiu ainda o compromisso de, caso seja primeiro-ministro, publicar, na internet, todas as nomeações, uma das medidas de transparência que quer implementar num Governo que será de "dimensão historicamente pequena".
Passos Coelho salientou que, caso vença as eleições a 5 de Junho, um dos seus primeiros compromissos "é apresentar um Governo com uma dimensão historicamente pequena".
"O Governo com menos membros em ministros e secretários de Estado de que há memória em Portugal", sublinhou.

Para o presidente social-democrata é ainda preciso "deixar claro que os membros do Governo não podem recrutar ilimitadamente uma espécie de administração paralela nos seus gabinetes".
"Um membro do Governo tem direito a escolher um chefe de gabinete, uma ou duas secretárias de confiança, um ou dois adjuntos. Acabou. O resto que tiver que recrutar tem que recrutar na administração", avançou.
Para Passos Coelho, "as pessoas que estão no Governo têm que se habituar a dar o exemplo, a andar no seu carro e de transportes públicos".

"Porque todas estas coisas virão no Diário da Republica mas esse não é o jornal que os portugueses mais consultam, nós assumimos o compromisso de publicarmos, todos os meses, com toda a transparência, na internet, todas as nomeações que forem feitas, explicando quem é aquela gente, de onde vêm, que habilitações têm, o que vão fazer e o que vão ganhar. Transparência", explicou.
O líder social-democrata tinha sido questionado pelo fundador do Clube dos Pensadores, Joaquim Jorge, qual seria uma diferença entre ele e o primeiro-ministro demissionário José Sócrates.
"Uma diferença para José Sócrates? Esta", respondeu, depois de avançar com as políticas de transparência.

Crescimento económico de pelo menos 3 a 3,5% é decisivo 

O líder do PSD disse ser decisivo um crescimento económico de pelo menos "3 a 3,5% nos próximos dois, três anos", alertando que sem isso "não há pacotes de
austeridade que valham".
Passos Coelho considerou ser "preciso apostar no crescimento da economia".
"E para pôr a economia a crescer temos que olhar para as PME (pequenas e médias empresas), para as condições de canalizar recursos financeiros para essa actividade, e fazer a aposta no empreendedorismo, valorizar o mérito, pôr de lado a batota e dar
incentivo quer à entrada de capitais externos mas depois queremos que aqueles que estão cá possam ser bem sucedidos", explicou.


Desta entrevista só posso concluir que Passos Coelho ou é um louco ou não percebe nada de economia. Vamos por partes: 
 - Mexer no IVA implica uma subida de preços em todos os produtos, criando medidas recessivas e fazendo retroceder a economia. Além disso é uma medida que é aplicada a todos, ricos ou pobres, não havendo justiça social na sua aplicação. Fazer quem mais recebe pagar um pouco mais é muito mais justo (por exemplo quem tem reformas acima de 1000 euros) do que fazer repercutir a subida do IVA por todos. Aqueles que tem reformas de 150 e 200 euros viam o seu poder de compra diminuir imenso. E nem se pode dizer que haveria vantagem económica, porque mesmo que as pessoas fizessem uma retracção no consumo, os bens essenciais iam ser sempre taxados. 
 - Para quem quer uma taxa de crescimento de 3 a 3,5% ao ano não é com uma taxa de IVA elevada que o vai conseguir. Para além disso, onde está a industria exportadora que consiga gerar emprego, e exportar em quantidade para conseguir esse crescimento? Como e que ele vai conseguir crescimentos de 3,5% se nos ultimamente nem 1% conseguimos crescer? Isto é uma loucura, andamos a fazer cálculos irrealistas. Nos não conseguimos competir com a China nos produtos da gama baixa, não conseguimos competir com paises como a Alemanha ou Japão na tecnologia de ponta, portanto é necessário achar o nicho de mercado em que consigamos ser competitivos.
 - Temos de voltar a agricultura, produzir o que consumimos, se não nunca vamos diminuir o deficit externo.
 - Apostar nos sectores tradicionais, industria extractiva, apostar nos transportes marítimos e construir uma linha férrea em bitola standard de Portugal para IRUN-HENDAYE, para conseguirmos importações baratas e conseguirmos colocar os nossos produtos na europa a baixo custo e potenciar o investimento estrangeiro.
 - Remodelar o sistema de justiça português... Assim como está não vamos lá... a Justiça é cara e ineficiente, e assim ninguém quer vir investir aqui.

Enfim... o pais precisa de levar uma volta de alto a baixo... não me parece que Passos Coelho tenha agilidade para tal... mais parece um Socrates II.

Cumprimentos cordiais

Luís Passos

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