Caros,
Aqui vos deixo a minha impressão da manifestação de Faro... Para mim foi uma desilusão completa a todos os níveis.
Primeiro porque esperava um Largo de São Francisco cheio... nem 1/4 estava... a mole humana mal chegava ao segundo desvio.
Depois foi o vazio completo de discursos e de ideias, entre umas poesias mais ou menos popularuchas, ninguém disse nada de jeito, não se foi ao âmago das questões, não se discutiu a economia, não se apontaram caminhos, não houve tertúlia, apenas uns quantos a lamentarem-se ao microfone por não terem emprego... sinceramente... eu esperava mais.
Espero sinceramente que a Manif de Lisboa tenha sido mais profícua que esta, que se tenham debatido ideias, levantado questões e sobretudo apresentado soluções e caminhos.
Outra questão que me fez preocupar foi a ideia de que esta malta supostamente "à rasca" apenas quer ter os mesmos privilégios que a geração anterior teve, não está interessada em construir uma sociedade nova e mais equilibrada. Fiquei muito preocupado com o vazio de conteúdos, o vazio de ideias e a ausência de liderança.
Estou a pensar criar uma tertulia ou um forum de discussão sobre esta materia, ainda nao sei como o vou fazer... mas penso que o que faz falta e discussão... discussão e conteudo.
Cumprimentos cordiais
Luís Passos
Boa tarde caro Luís Passos
ResponderEliminarTambém estive na manifestação de Faro, aliás, venho agora de lá, já que na minha cidade não houve nenhuma manif.
Ao contrário de si, não fiquei desiludido, antes pelo contrário. Embora me tenha parecido pouca gente no Largo de São Francisco, eram depois muitos mais os participantes na marcha e, longe de mim pretender ser um "perito contador de gente", penso que seriam entre duas a três mil as pessoas que desfilaram pela 5 de Outubro.
Quanto aos conteúdos dos "discursos" feitos no Largo... De facto não me pareceram primar pela clareza de ideias, mas, também não tenho visto essa desejada clareza de iedias em lado nenhum ultimamente, e quase de certeza absoluta, todos quantos lá estavamos sentimos a falta das ideias, da clareza, dos discursos do sr. Luís Passos... De certeza que o sr. não ouviu os vários apelos feitos pelos organizadores, no sentido de se dirigirem à "Cabine de Som" todos quantos tivessem alguma coisa dizer ao honorável público?
É sempre com bastante pena que constato a existência de tantos e tão bons pensadores e idealistas entre o nosso povo, capazes até de com as suas claras ideias e claríssimas palavras galvanizarem a populaça, mas que por alguma estranha e certamente muito egoísta razão, preferem guardar para si próprios e para uma escassa elite de amigos, um rol enorme de ideias claras, conteúdos profundos, teorias importantes.
Ao contrário de si, assisti a uma manifestação a todos os títulos interessante e importante, capaz de ser o início de algo maior e muito mais profundo. Assisti a um teste, estou convicto, de algo que se vai desenhar no futuro próximo como um enorme passo no caminho da verdadeira democracia.
Assisti ao dealbar duma nova época, assisti ao nascimento de algo que espero há muitos anos, assisti a uma ainda incipiente atitude duma mole humana que se vai habituar a falar, a gritar, a lutar. A um povo que, seguindo o exemplo de outros povos, vai ter de se acostumar a lutar de braços erguidos, a reivindicar o que é seu, a merecer o que quiser usufruir.
Este, a meu ver, foi um óptimo começo.
Tenha um bom fim de semana.
Carlos Santos
Talvez este fracasso se deva aos estudantes de Faro já estarem "habituados" às péssimas condições da Universidade do Algarve e como tal resignam-se porque aparentemente sendo estes que pagam as propinas não têm qualquer palavra no método de ensino e são comandados de qualquer forma de acordo com os sr.s professores...
ResponderEliminarCaro Carlos,
ResponderEliminarA razão pela qual não me dirigi a cabine de som foi simples... Aquilo estava a ser organizado pelo pessoal do "Berloque" de esquerda, pessoas que eu conheço muito bem, alguns até foram meus colegas de escola!
Sempre presei a minha liberdade e neutralidade em relação a partidos políticos.
Sem querem construir um movimento em condições tem de partir da sociedade civil, genuinamente sem a influência de partidos e quejandos.
Por isso é que estou a pensar criar um espaço de tertúlia, livre, aberto e democrático... e sobretudo... livre de partidos!!!
Cumprimentos cordiais
Luís Passos
desculpa lá ó luisa a avenida do liceu esteve repleta de gente há quantos anos não havia uma manifestação desta envergadura em Faro?
ResponderEliminaras aparência do Largo de S: Francisco são enganadoras a própria PSP adiantou com 6000 ,como sabes a PSP joga sempre por baixo pelso meus calculos estiveram no desfile cerca de 7 a 8 mil pessoas. é pouco pois é,mas não te esqueças que não houve partidos metidos nisso.
Sim acredito que estivessem lá 8 mil sem problemas depois de ver as imagens na RTP. Por motivos profissionais tive de me ausentar a partir das 16:30 e nem assisti ao resto da manif.
ResponderEliminarAgora vamos ver o que vai acontecer a seguir. Muita gente junta, mas sem um programa e um conjunto de intenções bem definido não vai dar em nada.
Penso que é preciso rasgar a constituição e fazer uma completamente nova livre dos anacronismos do PREC, um unico mandato para o PR e para o PM de 8 e 6 anos respectivamente.
Regular melhor o funcionamento dos organismos, por a justiça a funcionar, reforçar a independência dos poderes (legislativo, executivo e judicial), e criar um novo modelo económico que torne o pais auto sustentável e não dependente do crédito alheio.
Será que é possível? Pelo que vi nas intervenções no Largo S. Francisco eram apenas meninos que queriam as mesmas regalias que os paizinhos tiveram.
Não vi ninguém falar na constituição... na regulação dos poderes, no deficit externo, no fim da actual classe politica.
Se calhar a culpa disto tudo e minha, porque se calhar coloquei a fasquia demasiado alta, e achei que isto ia ser diferente, ia ser mais que um simples ajuntamento de pessoas num determinado local... Enfim... é a vida!
Cumprimentos
Luís Passos
pode ser um começo,anda muita coisa no ar.
ResponderEliminarCaro Luís Passos
ResponderEliminarContinuo a pensar que este foi apenas um início, e como início, parece-me muito promissor.
Incrível para mim, é sobretudo o silêncio a que as manif's, com excepção da de Lisboa e Porto, foram votadas...
E sobre silêncios, sobre o desprezo que no fundo os políticos sentem por nós todos, e sobre aquilo que pode vir a acontecer em seguida, transcrevo o seguinte email:
"Por incrível que possa parecer, uma verdadeira revolução democrática e anticapitalista ocorre na Islândia neste preciso momento e ninguém fala dela, nenhum meio de comunicação dá a informação, quase não se vislumbrará um vestígio no Google: numa palavra, completo escamoteamento. Contudo, a natureza dos acontecimentos em curso na Islândia é espantosa: um povo que corre com a direita do poder sitiando pacificamente o palácio presidencial, uma "esquerda" liberal de substituição igualmente dispensada de "responsabilidades" porque se propunha pôr em prática a mesma política que a direita, um referendo imposto pelo Povo para determinar se se devia reembolsar ou não os bancos capitalistas que, pela sua irresponsabilidade, mergulharam o país na crise, uma vitória de 93% que impôs o não reembolso dos bancos, uma nacionalização dos bancos e, cereja em cima do bolo deste processo a vários títulos "revolucionário": a eleição de uma assembleia constituinte a 27 de Novembro de 2010, incumbida de redigir as novas leis fundamentais que traduzirão doravante a cólera popular contra o capitalismo e as aspirações do povo por outra sociedade.
Quando retumba na Europa inteira a cólera dos povos sufocados pelo garrote capitalista, a actualidade desvenda-nos outro possível, uma história em andamento susceptível de quebrar muitas certezas e sobretudo de dar às lutas que inflamam a Europa uma perspectiva: a reconquista democrática e popular do poder, ao serviço da população."
In http://www.cadtm.org/Quand-l-Islande-reinvente-la
"Desde Sábado, 27 de Novembro, a Islândia dispõe de uma Assembleia constituinte composta por 25 simples cidadãos eleitos pelos seus pares. É seu objectivo reescrever inteiramente a constituição de 1944, tirando nomeadamente as lições da crise financeira que, em 2008, atingiu em cheio o país. Desde esta crise, de que está longe de se recompor, a Islândia conheceu um certo número de mudanças espectaculares, a começar pela nacionalização dos três principais bancos, seguida pela demissão do governo de direita sob a pressão popular.
As eleições legislativas de 2009 levaram ao poder uma coligação de esquerda formada pela Aliança (agrupamento de partidos constituído por social-democratas, feministas e ex-comunistas) e pelo Movimento dos Verdes de esquerda. Foi uma estreia para a Islândia, bem como a nomeação de uma mulher, Johanna Sigurdardottir, para o lugar de Primeiro-Ministro."
In http://www.parisseveille.info/quand-l-islande-reinvente-la,2643.html
Obrigado
Carlos Santos