quarta-feira, 23 de março de 2011

Clube da bancarrota: Portugal sobe ao 5º lugar

O risco de default voltou a disparar e o país ultrapassou a Argentina. Os juros da dívida a cinco anos estão, de novo, perto dos 8% no mercado secundário. Risco da Grécia e Irlanda volta a disparar.


A probabilidade de default - incumprimento da dívida soberana - da República Portuguesa, num horizonte de cinco anos, voltou a disparar hoje no mercado dos credit default swaps (acrónimo cds, seguros contra o risco de incumprimento na designação em inglês). Ao início da tarde, o risco elevou-se para mais de 38%, quase quatro pontos percentuais acima do valor de fecho de sexta-feira passada, segundo dados da CMA DataVision.
O preço dos cds para Portugal disparou para mais de 530 pontos base, o que implica um spread (diferencial) em relação ao custo dos cds para a dívida alemã (que serve de referência na zona euro) muito superior ao nível crítico de 450 pontos base. Esta situação reflete a deterioração rápida das condições de crédito.
Deste modo, Portugal subiu para a 5ª posição no TOP 10 mundial do risco de default, ultrapassando, de novo, a Argentina.
O aumento significativo da probabilidade de default é hoje extensível à Grécia e à Irlanda, com o primeiro país com o custo dos cds, de novo, acima de 1000 pontos base e com um risco de mais de 57%, e com o segundo país referido na ordem dos 635 pontos base e mais de 42% de risco.
Portugal, Irlanda, Espanha, Grécia e Itália - o grupo jocosamente apelidado de PIIGS - estão, por ora, entre os oito países com maior subida diária do risco, segundo o monitor da CMA DataVision que abarca mais de 80 países.
O disparo no risco, segundo analistas da Eurointelligence, deve-se à ameaça de queda do governo e convocação de eleições antecipadas em Lisboa, ao impasse na renegociação do acordo de resgate à Irlanda pelo novo governo em Dublin (coligação Fine Gael/Trabalhistas) com o Eurogrupo (zona euro) e ao provável bloqueio parlamentar na Finlândia (membro da zona euro) ao potencial acordo a firmar na cimeira da União Europeia esta semana.

Juros a cinco anos perto dos 8%


Ao início da tarde, as yields (juros implícitos) relativas às Obrigações do Tesouro (OT) situam-se nos 7,98%, continuando a tendência de aproximação ao patamar dos 8% e acima dos juros das OT com maturidades a dez anos, segundo dados da Bloomberg. Durante a manhã já chegaram aos 8,02%.
Também nas maturidades a 3 e 10 anos se está a assistir a um disparo, com os juros das OT a três anos nos 7,31% e os a dez anos em 7,46%, ao final da manhã. Os juros de OT a dois anos já estão em 6,45%.
O TOP 10 mundial do risco de default tem como membros: Grécia (que lidera), Venezuela, Paquistão, Irlanda, Portugal, Argentina, Ucrânia, Dubai, Líbano e Egito, por ordem decrescente.
A título indicativo, as yields de titulos soberanos com maturidades a 10 anos, ao início da tarde, eram para os PIIGS: 12,52% para Grécia, 9,77% para Irlanda, 7,46% para Portugal, 5,18% para Espanha e 4,76% para Itália.

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