quarta-feira, 30 de março de 2011

Juro de Portugal nos 9%

A 'yield' dos títulos de dívida portuguesa a 5 anos bateu um novo recorde. 

[Actualiza com declarações do secretário de Estado do Tesouro e do economista da Schroders para a Europa]

O índice que mede a taxa cobrada pelos investidores para comprar obrigações do Tesouro (OT) portuguesas a 5 anos subiu até aos 9,040%. É o valor mais elevado desde pelo menos 1999, ano da adesão ao euro.

No mesmo sentido, as 'yields' genéricas dos prazos a 10, 3 e 2 anos sobem para 8,012%, 8,616% e 7,783%, respectivamente. Também são máximos históricos.
Azad Zangana, economista da Schroders para a Europa, afirma que "os preços actuais que o mercado exige [a Portugal] são apenas sustentáveis para um ou dois anos", considerando que um ‘bailout' "seria um grande passo" para o País. Isto porque, segundo Azad, "um resgate permitira financiamento para seis a sete anos e a possibilidade de Portugal organizar as suas contas públicas."

O agravamento dos juros surge um dia depois de a Standard & Poors ter cortado, pela segunda vez em cinco dias, o 'rating' da República, desta vez de 'BBB' para 'BBB-', o último nível antes de ser considerado 'lixo'.
Também ontem o Boletim de Primavera do Banco de Portugal agravou as previsões de recessão para a economia este ano e em 2012.
A escalada dos juros de Portugal no mercado secundário torna uma missão quase impossível para o Estado ir ao mercado buscar o dinheiro que falta para fazer face aos seus compromissos, empurrando o País para o FMI. Até Junho são necessários cerca de 9 mil milhões de euros.

Porém, o secretário de Estado do Tesouro, Carlos Costa Pina, garantiu hoje à Bloomberg que Portugal conseguirá responder "aos reembolsos de dívida de 2011, especialmente os reembolsos de dívida de longo prazo de Abril e Junho".


Mais uma vez, o blog Faro é Faro acerta nas previsões, conforme foi por mim publicado ontem, no post Standard & Poor's volta a baixar o rating de Portugal para BBB-/A-3, antecipei que até ao final desta semana iríamos bater nos 9%, pois não chegou ao ao fim da semana, foi já hoje.

Eu sinceramente só estava a espera de atingir este valor lá por quinta feira, mas os mercados estão a reagir de uma forma singular.

Obviamente o que está a fazer com que a taxa a 5 anos suba desta forma é a ingovernabilidade, o facto de não se conseguir aprovar legislação urgente, como por exemplo o imposto sobre a banca, ou fazer correcções nos valores da tributação, o facto de não haver perspectivas de grandes mudanças na classe politica e a situação de tesouraria complicada que Portugal atravessa, são factores determinantes.

De facto a ânsia de poder do PSD fez com que o pais caísse no caos, se a situação anterior já estava presa por arames, agora está tudo espatifado...

Vamos la ver se a Dilma Rouseff, a presidente do Brasil que está cá em Portugal da uma ajudinha, comprando divida soberana ou ajudando de outra forma, caso contrário a coisa vai bater na parede.

Assim sendo, se até amanha não reunirmos os 5 mil milhões que temos em divida (ver post Portugal na banca rota daqui a 7 dias) não há outra alternativa se não accionar o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e chamar o FMI

Oxalá me engane, mas pressinto que na próxima semana já cá temos o FEEF/FMI.

Cumprimentos cordiais

Luís Passos

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