quinta-feira, 24 de março de 2011

Fitch corta "rating" de Portugal em dois níveis devido à crise política

A agência de notação financeira tinha dito que a crise política não tinha implicações no "rating", mas acaba de cortar a notação do país em dois níveis, no dia seguinte ao da demissão de José Sócrates.

A agência de notação financeira Fitch anunciou hoje um corte de doís níveis no “rating” de Portugal, de A+ para A-, ameaçando novas reduções.

O corte do "rating" é justificado com a crise política em Portugal, depois de o chumbo do PEC, ontem no Parlamento, ter provocado a demissão do Governo.

“A revisão em baixa reflecte os riscos acrescidos em torno da implementação das políticas e do financiamento do défice à luz da inviabilização, pelo Parlamento português, das medidas de consolidação orçamental e da demissão do primeiro-ministro”, argumenta Douglas Renwick director da Fitch para o "rating" de soberanos.

A agência escreve que o facto de o Parlamento português ter inviabilizado as novas medidas de austeridade, levando à demissão do Governo, aumenta “significativamente as hipóteses de Portugal pedir assistência multilateral num prazo próximo”.

“A incapacidade do Parlamento aprovar as medidas (PEC IV), e a incerteza política decorrente, enfraqueceu a credibilidade do programa português de reformas orçamentais e estruturais”.

“Dada a falta de melhoria nas condições de financiamento, a Ficht não assume mais que Portugal consiga neste ano aceder aos mercados a taxas comportáveis”, avisa a agência de notação.

A agência Fitch alerta ainda que sem um pacote de apoio financeiro credível do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia, Portugal sofrerá novo corte de 'rating', possivelmente em vários níveis, nos próximos meses.


Ainda há dois dias, a Fitch afirmava que a disputa política entre PS e PSD não colocava em risco a notação de Portugal, porque não constituía uma ameaça imediata ao cumprimento da meta do défice para 2011, 4,6% do PIB.

Portugal, argumentava então a agência de notação, "já adoptou um orçamento de austeridade para 2011, por isso as disputas políticas não constituem um risco imediato para a meta do défice para este ano"

"O nosso rating para Portugal já é negativo, reflectindo as nossas preocupações sobre a redução do défice e o acesso ao mercado", afirmava o mesmo Douglas Renwick, em declarações à agência Lusa.

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