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segunda-feira, 9 de maio de 2011

Diálogo com um jovem 'à rasca'

- Então, foste à manifestação da geração à rasca?

- Sim, claro.

- Quais foram os teus motivos?

- Acabei o curso e não arranjo emprego.

- E tens respondido a anúncios?

- Na realidade, não. Até porque de verão dá jeito: um gajo vai à praia, às esplanadas, as miúdas são giras e usam pouca roupa.

Mas de inverno é uma chatice. Vê lá que ainda me sobra dinheiro da mesada que os meus pais me dão. Estou aborrecido.

- Bom, mas então por que não respondes a anúncios de emprego?

- Err...

- Certo. Mudando a agulha: felizmente não houve incidentes.

- É verdade, mas houve chatices.

- Então?

- Quando cheguei ao viaduto Duarte Pacheco já havia fila.

- Seguramente gente que ia para as Amoreiras.

- Nada disso. Jovens à rasca como eu. E gente menos jovem. Mas todos à
rasca.

- Hum... E estacionaste onde? No parque Eduardo VII?

- Tás doido?! Um Audi TT cabrio dá muito nas vistas e aquela zona é manhosa. Não, tentei arranjar lugar no parque do Marquês. Mas estava cheio.

- Cheio de...?

- De carros de jovens à rasca como eu, claro. Que pergunta!

- E...?

- Estacionei no parque do El Corte Inglés. Pensei que se me despachasse cedo podia ir comprar umas coisinhas à loja gourmet.

- E apanhaste o metro.

- Nada disso. Estava em cima da hora e eu gosto de ser pontual.
Apanhei um táxi. Não sem alguma dificuldade, porque havia mais jovens à rasca atrasados.

- Ok. E chegaste à manif.

- Sim, e nem vais acreditar.

- Diz.

- Entrevistaram-me em directo para a televisão.

- Muito bom. O que disseste?

- Que era licenciado e estava no desemprego. Que estava farto de pagar para as reformas dos outros.

- Mas, se nunca trabalhaste, também não descontaste para a segurança social.

- Não? Pois... não sei.

- Deixa-me adivinhar: és licenciado em Estudos Marcianos.

- F***-se! És bruxo, tu?

- Palpite. E então, gritaste muito?

- Nada. Estive o tempo todo ao telemóvel com um amigo que estava na manif do Porto.

E enquanto isso ia enviado mensagens para o Facebook e o Twitter pelo iPhone e o Blackberry.

- Mas isso não são aparelhinhos caros para quem está à rasca?

- São as armas da luta. A idade da pedra já lá vai.

- Bem visto.

- Quiriquiri-quiriquiri-qui! Quiriquiri-quiriquiri-qui!

- Calma, rapaz. Portanto despachaste-te cedo e ainda foste à loja gourmet.

- Uma merda! A luta é alegria, de forma que continuámos a lutar Chiado acima, direitos ao Bairro Alto.

Felizmente uma amiga, que é muito previdente, tinha reservado mesa.

- Agora os tascos do Bairro aceitam reservas?

- Chamas tasco ao Pap'Açorda?

- Errr... E comeram bem?

- Sim, sim. A luta é cansativa, requer energia. Mas o pior foi o
vinho. Aquele cabernet sauvignon escorregava...

- Não me digas que foste conduzir nesse estado.

- Não. Ainda era cedo. Nunca ouviste dizer que a luta continua? E continuou em direcção ao Lux

Fomos de táxi. Quatro em cada um, porque é preciso poupar guito para o verão. Ah... a praia, as esplanadas, as miúdas giras e com pouca roupa...

- Já não vou ao Lux há algum tempo, mas com a crise deve estar meio morto, não?

- Qual quê! Estava à pinha. Muita malta à rasca.

- E daí foste para casa.

- Não. Apanhei um táxi para um hotel. Quatro estrelas, que a vida não está para luxos.

- Bom, és um jovem consciente. Como tinhas bebido e...

- Hã?! Tu passas-te! A verdade é que conheci uma camarada de luta e... bem... sabes como é.

- Resolveram fazer um plenário?

- Quê? Às vezes não te percebo.

- Costuma acontecer. E ficaram de ver-se?

- Ha! Ha! Ha! De ver-se, diz ele. Não estás a ver a cena. De manhã chegámos à conclusão que ela era bloquista e eu voto no Portas. Saiu porta fora. Acho que foi tomar o pequeno-almoço à Versailles.

- Tu tomaste o teu no hotel.

- Sim, mas mandei vir o room service, porque ainda estava meio ressacado.

- Depois pagaste e...

- A crédito, atenção. Com o cartão gold do Barclays.

- ... rumaste a casa.

- Sim, àquela hora a A5 não tinha trânsito. Já não havia malta à rasca a entupir o tráfego.

- Moras onde? Paço d'Arcos? Parede?

- Que horror! Não, não. Moro na Quinta da Marinha, numa casita modesta que os meus pais se vêem à rasca para pagar. Para a próxima levo-os comigo.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Devolução dos Prémios fraudulentos


POR FAVOR LEIAM E VAMOS TODOS COLABORAR  A BEM DA DIGNIDADE NACIONAL

 Como é do conhecimento geral, tem-se agora tornado público as ciclópicas dívidas à Banca Financeira, de certas (quase todas) Empresas Públicas como, p.ex., REFER, TAP, METRO, CARRIS, etc.., e isto porque não conseguem mais financiamento.
Estas grandes dívidas estavam no segredo dos deuses. Agora já não podem mais ser escondidas.
Acontece que ao longo dos anos, os Administradores (grandes cérebros) foram recebendo anualmente repugnantes Prémios Milionários pelos ‘excelentes desempenhos’.
 Está na hora! …Vai ser agora!
O ‘Movimento Geração à Rasca’ deverá organizar uma Petição ao Governo para que sejam devolvidos todos os fraudulentos  prémios recebidos pelos administradores das Empresas Públicas que acumularam prejuízos ao longo da sua existência, ou pelo menos desde 2000.
 TODOS PELA DEVOLUÇÃO DOS PRÉMIOS!!!
Tal como o Teixeira fez à maioria dos pobres Portugueses, mais ou menos incautos (penhorando impiedosamente os seus parcos recursos e lares) agora é a hora de exigir aos Sacadores do Estado a devolução (com ou sem penhora) dos valores sacados.
Caso o Governo não satisfaça esta Petição, será ser organizada uma Manifestação Nacional, junto da Assembleia da República em dia a determinar.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

“Geração à Rasca” já é uma marca registada e dá lugar ao “Movimento 12 de Março”

Para todos aqueles que temiam ou que acreditavam que o protesto “Geração à Rasca”, que encheu no passado mês várias ruas do país, tinha os dias contados e morreria por si próprio, chegou uma resposta: os criadores do protesto acabam de fundar o “Movimento 12 de Março – M12M”.


Alexandre de Sousa Carvalho, António Frazão, João Labrincha e Paula Gil, o grupo de amigos que deu origem no Facebook ao protesto “Geração à Rasca”, avançou agora para o M12M, um movimento que descrevem como “um colectivo informal”, mas que “promete ser uma voz activa na promoção e defesa da democracia”. O grupo decidiu, também, registar a expressão “Geração à Rasca” como marca – uma iniciativa que pretende “evitar utilizações abusivas, nomeadamente em actividades com fins lucrativos, de cariz partidário, religioso ou violento”.

João Labrincha, em declarações ao PÚBLICO, insistiu que o “Movimento 12 de Março” será mesmo “um colectivo informal”, assegurando que nunca sentiram qualquer necessidade de “ter uma hierarquia ou uma estrutura”. Questionado sobre o porquê do novo nome, o também responsável pelo repto que culminou no passado dia 12 de Março com mais de 200 mil pessoas nas ruas de Lisboa e mais de 80 mil no Porto, justificou que o nome “Geração à Rasca” acabava por ser “um pouco redutor”, uma vez que “várias gerações” foram contagiadas e saíram à rua.

Labrincha espera que o movimento continue a contribuir para a “consciencialização das pessoas” e que consiga ser um espaço de “consubstanciação de vontades”, com a capacidade de envolver todos os que assim entenderem na vida pública e numa “melhor democracia”. No que diz respeito ao facto de o exemplo do protesto português estar já a ser replicado noutros países, entende este alastrar como “um sinal de vitória” e lembra que “só uma resposta conjunta permitirá encontrar soluções para os problemas que são globais”.

Os objectivos do M12M, a sua imagem e próximas iniciativas serão apresentadas publicamente em frente ao Museu do Fado na próxima quarta-feira, dia 20 de Abril, às 11h00.

O protesto do passado dia 12 de Março juntou mais de 300 mil pessoas nas ruas, sendo que quase 67 mil confirmações de adesão foram feitas através da página da “Geração à Rasca” no Facebook. Velhos, novos, desempregados, trabalhadores precários e mesmo pessoas com a vida estabilizada saíram à rua para protestar contra a actual crise e as condições de vida em Portugal.

A página original do movimento acabou por desaparecer após o protesto para dar origem a uma outra designada “Fórum das Geração12/3 e o Futuro”, que pretendia prolongar o debate e não deixar morrer o “potencial” que se criou. Conta neste momento com quase 20 mil seguidores.
 

Não sei porque mas começo a não gostar muito destes gajos da geração à rasca, apesar de ter nascido em 1979, e portanto ser também da geração à rasca, e apesar de também ter curso superior em engenharia e também estar desempregado, há aqui algo que não me agrada.
 
Primeiro porque esta gente, pelas ideias que leio, a única coisa que querem é ter os mesmos privilégios que os pais tiveram... opah os tempos mudam e as pessoas tem de se adaptar as novas circunstâncias, e onde estão as dificuldades é onde se devem encontrar as oportunidades.

Quem quer emprego certo para o resto da vida, progressões automáticas na carreira sem mérito, epah... esqueça... isso é do passado. Agora o trabalho é precário... aprendam a viver com isso. Tirem partido disso.
 
O grande problema é que andaram a perder tempo a especializar-se em áreas que não tem qualquer aplicação prática nestes tempos, ou cujo mercado já se encontra saturado e continuam a insistir que querem um emprego na área que estudaram!...  Oh meus amigos... paciência... não há trabalho... faça formação noutra área e continue...

Se não há emprego na sua area em Portugal, como é o meu caso, epah... vá-se embora... procure no estrangeiro, emigre, faça a sua vida... não fique a espera que as coisas lhes caiam nos braços... que é o que estou a fazer neste momento... preparar-me para emigrar, porque aqui foi chão que já deu uvas.

Isto é a típica mentalidade portuguesa... à espera que outros lhes resolvam os problemas!
Para além disso, nunca gostei muito deste tipo de associações, registos de nome, copyrights, cheira-me que andam aqui outros interesses, vamos la ver se não me engano.

Cumprimentos cordiais

Luís Passos

domingo, 27 de março de 2011

Londres: 400 mil pessoas na rua contra austeridade

Os britânicos saíram hoje às ruas para protestar contra as medidas de austeridade do Governo. Os sindicatos dizem que o número de manifestantes pode chegar ao meio milhão

 

Click aqui para ver o video no site do expresso

Click aqui para ver video no site do jornal Guardian 

Cerca de 400 mil pessoas estão nas ruas de Londres a protestar contra as medidas de austeridade apresentadas pelo Governo para diminuir o défice.
"A Marcha pela alternativa" estava convocada desde outubro e sgundo o jornal inglês "The Guardian " é o maior protesto da década no país.
Estudantes, reformados, trabalhadores do setor público e privado vieram de várias regiões do Reino Unido para participar no protesto.

Marcha pacífica... com confrontos

Apesar de ser apresentada como uma marcha pacífica, já houve confrontos entre polícia e manifestantes, que terão atirado garrafas e tintas para montras de lojas em Oxford Street.
A manifestação foi convocada pelos principais sindicatos britânicos e apoiada por diversas organizações, entre as quais as de professores, pacifistas e de jovens. O Unite, o maior sindicato britânico, estima que venham a estar presentes nas ruas perto de meio milhão de pessoas.
"Não acabem com a Grã-Bretanha"; "não aos cortes", "defendamos os nossos serviços públicos", são as frases mais ouvidas no protesto.
Na frente, Brendan Barber, o secretário-geral do Trades Union Congress (TUC), plataforma que reúne 58 dos principais sindicatos do país, congratulou-se pela resposta ao apelo.
"Estamos aqui para enviar uma mensagem ao governo de que somos fortes e unidos", afirmou, prometendo continuar a lutar contra os "cortes selvagens" e para proteger "os serviços, empregos e vidas das pessoas".
Mas cedo percebeu-se que havia manifestantes interessados em fazer ouvir a voz de outra forma quando uma coluna de jovens vestidos de preto, alguns de caras tapadas e com bandeiras anarquistas, se separou.

Bombas de fumo e tinta

Várias centenas de pessoas, vigiadas de perto por polícias de intervenção, caminharam para Oxford Street e lançaram bombas de fumo e tinta contra lojas de roupa e bancos, chegando a estilhaçar vitrinas.
Era nesta artéria comercial que o movimento UK Uncut tinha apelado a ocupar lojas de empresas que acusa de evasão fiscal e cujos impostos poderiam ajudar a evitar os cortes orçamentais.

Loja de luxo invadida


Mais tarde, um grupo conseguiu entrar numa Fortnum and Mason, uma loja de luxo, originando alguns confrontos com a polícia à entrada.
Andrew, que seguiu o protesto alternativo segurando um cartaz onde se lia No Cuts [Não aos cortes], mostrou compreensão pelo que considera atos "não de violência, mas desobediência".
Alaistair, que viajou de Edimburgo para se juntar ao UK Uncut, afirmou à Lusa que os objetivos das duas frentes de protesto eram semelhantes, nomeadamente na defesa dos serviços públicos e da criação de empregos.
Porém, em vez dos políticos, prefere responsabilizar aqueles que estão na origem da crise económica. "Há imenso dinheiro por aí, milhares de milhões de lucros", argumentou.  

Parece que em Inglaterra também já existe uma população "à rasca", que das duas uma, ou está na mó de baixo, sem emprego, sem hipoteses de progressão e reclama condições mínimas e dignidade, outra, a população com muitos privilégios que os viu ser cortados.

Tal como em Portugal, existem essas duas variantes... vamos ver no que isto vai dar... O cerco está a apertar-se, o povo, que está em baixo está a ser esmifrado com impostos, condenado ao desemprego e a escravatura... A revolução francesa nasceu de algo semelhante, quando o povo de Paris estava mergulhado na miséria e na fome.

Estamos a viver um tempo de mudança, grandes acontecimentos se avizinham...

Cumprimentos cordiais 

Luís Passos

quarta-feira, 23 de março de 2011

Mia Couto - Geração à Rasca - A Nossa Culpa

Um dia, isto tinha de acontecer.
Existe uma geração à rasca?
Existe mais do que uma! Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida. 
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.
Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. 
E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.
  
Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.  
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.
 
Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.
  
Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.
  
São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!
  
A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.
  
Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a
diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
  
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.
  
Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.
  
E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!
  
Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme
convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem
fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la. Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam.
Haverá mais triste prova do nosso falhanço? “
Mia Couto

terça-feira, 15 de março de 2011

Combate de Blogs - A Manifestação da Geração "à rasca"


Caros,

Aqui vos deixo a edição do programa "Combate de blogs" onde se discutiu a manifestação de 12 de Março!

A não perder.

Cumprimentos

Luís Passos

segunda-feira, 14 de março de 2011

Os jovens e a política [e a geração do 25 de Abril]

A geração que fez o 25 de Abril politizou todos os aspectos da vida social e económica. Viu em cada decreto-lei, em cada greve e em cada novo direito social uma conquista e um progresso. Os membros desta geração não foram capazes de compreender que a luta política é, na melhor das hipóteses, um jogo de soma nula em que cada direito conquistado por uma parte da sociedade é obtido à custa do sacrifício de outra parte da sociedade ou das gerações futuras.
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Grande parte do progresso económico e social atingido ao longo dos últimos 30 anos é artificial. Foi conseguido através da progressiva atribuição, por decreto, de direitos sociais à geração que fez o 25 de Abril. Esta geração beneficiou, como nenhuma outra antes ou depois, de empregos vitalícios, salários acima das respectivas qualificações e pensões de reforma muito acima das respectivas contribuições. Os membros desta geração de privilegiados chegaram sem mérito nem trabalho a posições que nunca teriam alcançado se a vida pública não tivesse sido politizada pela revolução. Os chamados “direitos adquiridos” da geração do 25 de Abril estão a ser pagos pelas novas gerações. Os jovens não têm emprego vitalício nem reforma garantida, mas são forçados a trabalhar para sustentar os privilégios das gerações mais velhas.
.
A intervenção do Presidente da República nas comemorações do 25 de Abril criou a ideia de que os jovens não se interessam pela política partidária. Este alegado desinteresse incomodou a geração de políticos que fez o 25 de Abril. A cultura revolucionária destes políticos impede-os de perceber que a excessiva politização da vida pública não é um valor a promover mas um vício a evitar. As sociedades politizadas premeiam a habilidade política e as demonstrações de força na rua. As sociedades despolitizadas premeiam o mérito individual, o trabalho e a iniciativa empresarial. O eventual desinteresse dos jovens pela política partidária é um bom sinal. É um sinal de que a sociedade falhada construída pela geração do 25 de Abril pode ter os dias contados.

João Miranda

domingo, 13 de março de 2011

Governo promete mais austeridade para poder negociar ajuda europeia

Medidas de austeridade adicionais apresentadas anteontem poderão constituir já as contrapartidas necessárias para uma assistência financeira externa.
 
O acordo dos países do euro para a flexibilização do seu fundo de socorro tem todas as condições para resolver o problema de financiamento de Portugal, com a vantagem adicional de afastar a temida presença do FMI.

As decisões de princípio tomadas na madrugada de ontem pelos líderes dos Dezassete países do euro autorizam o fundo de estabilidade (EFSF) a comprar dívida soberana no mercado primário (na emissão pelos governos), e reduzem as taxas de juro cobradas aos Estados assistidos.

Estas eram algumas das modalidades de flexibilização do EFSF defendidas por Portugal como condição para ponderar, eventualmente, pedir a sua activação de modo a baixar os seus custos de financiamento.

O governo recusou sempre qualquer assistência nos moldes dos programas de resgate como os que foram definidos para a Grécia em Maio, e Irlanda em Novembro. É por isso que tem vindo a resistir, há meses, às pressões de um número crescente dos seus pares para pedir a ajuda europeia em vez de continuar a financiar-se no mercado a taxas de juro cada vez mais altas, com o risco acrescido de ameaçar contagiar a Espanha. A nova flexibilização do EFSF responde, no essencial às objecções invocadas pelo primeiro ministro, José Sócrates.

Em concreto, os países em dificuldades poderão permanecer no mercado para o financiamento da dívida embora beneficiando, se necessário, de intervenções pontuais do fundo. Nesse cenário, será possível fixar uma taxa de juro a um nível considerado adequado às condições do país, a partir do qual o EFSF adquirirá as que não encontrarem comprador no mercado. Desta forma, será possível controlar o valor dos juros.

Tão ou mais importante - do ponto de vista do Governo - quanto esta flexibilização é o facto de as intervenções do EFSF no mercado primário não implicarem a presença obrigatória do FMI como acontece, por imposição da Alemanha, nos programas de resgate clássicos. Esta era porventura a maior reivindicação do governo devido à má imagem deixada pelo FMI em Portugal nos anos 1980, e cujo eventual regresso é visto por Sócrates como uma humilhação.

O texto das conclusões da cimeira lembra que as intervenções normais do EFSF são sempre complementadas pelo FMI. Em contrapartida, as que se referem ao modelo excepcional de compra de dívida no mercado primário, já só falam do EFSF. Essa questão foi discutida pelos líderes, apurou o PÚBLICO, o que significa que a omissão do FMI não é fortuita. Eventuais dúvidas a este respeito terão de ficar esclarecidas até ao acordo final sobre a reforma do EFSF na cimeira da UE de 24 e 25 de Março.

A terceira decisão dos Dezassete esperada por Portugal prende-se com a redução das taxas de juro cobradas aos países beneficiários do EFSF. O corte representa uma redução de 3 para 2 pontos percentuais na "penalização" que é acrescentada às taxas de mercado aplicadas aos empréstimos europeus para tornar a sua activação suficientemente dissuasiva.

Um eventual pedido de assistência de Portugal poderá estar já facilitado pelo facto de o governo ter anunciado na sexta-feira - o dia da cimeira do euro - uma série de novas medidas de austeridade suplementares, que apanharam aliás o país de surpresa.

Este anúncio permite concluir que as novas medidas poderão constituir o "programa com estrita condicionalidade" que, segundo as conclusões da cimeira, acompanharão a acção do EFSF no mercado primário da dívida. A favor desta tese joga o facto de o novo pacote do governo ter sido integralmente negociado com o Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia, cuja missão só deixou, aliás, o país na Quinta-feira à noite (ver PÚBLICO de ontem).

Todos estes passos podem indiciar uma antecipação da negociação de um programa de ajustamento orçamental com as duas instituições que acompanha obrigatoriamente qualquer assistência do EFSF.

A Grécia, só fez a negociação depois de pedir a ajuda, e as imagens da delegação europeia e do FMI em Atenas para "impor" cortes draconianos de despesas, salários e benefícios sociais, chocaram e revoltaram o país. A Irlanda fez o contrário: o governo aprovou internamente um duro programa de austeridade antes de pedir a ajuda europeia, que foi considerado suficiente pelos responsáveis europeus quando negociaram a activação do EFSF. Por essa razão, Dublin não teve de acrescentar qualquer nova medida de contenção orçamental "imposta" pelo exterior.

O facto de as medidas terem sido largamente elogiadas pela Comissão, BCE e mesmo pelos líderes dos Dezassete permitirão a Sócrates argumentar que já antecipou a consolidação a título de contrapartida do EFSF. Se os outros países aceitarão ou não, é uma questão em aberto. "Tudo dependerá do momento em que a ajuda for pedida", salvaguarda um diplomata europeu. Ou seja, quanto melhor estiver a correr a consolidação orçamental, menores serão as contrapartidas pedidas. E vice-versa.
 

O Futuro da Geração à Rasca

Não tenho qualquer dúvida de que a esmagadora maioria das pessoas que ontem saíram à rua o fez espontaneamente, farta que está do país em que vive e do governo que ele tem. Não enjeito chamar-lhes, a essas pessoas, como o fez o José Manuel Fernandes, o «Portugal desesperado» (sugiro que deixemos o «algo» de lado), em contraponto aos «filhos do Boaventura» com que a Helena Matos as baptizou. Mas também não tenho dúvidas, como a Helena, de que a maior parte dos jovens que ali esteve se considera com direito natural a um emprego, mais do que isso, a um emprego não «precário» (este foi, aliás, um dos temas da manifestação), isto é, um emprego para a vida, como acontecia antigamente e as lei laborais ainda dizem proteger, sem quaisquer considerações adicionais, como, por exemplo, o mérito para o manter ou a possibilidade da empresa lho continuar a garantir. Isto significa que a esmagadora maioria das pessoas que foram à manifestação e os muitos outros portugueses que, não tendo ido, partilham do mesmo sentimento de revolta, não perceberam o que lhes está a suceder e, não entendendo por que razão se encontram no estado em que estão, jamais conseguirão sair dele.


É natural que isto assim aconteça. A III República, a que se iniciou há 40 anos com o Marcelismo e de que o 25 de Abril foi uma mera aceleração inevitável por causa da guerra do Ultramar, fundou-se sobre os esteios da mentira, da inveja e do privilégio, isto é, sobre os paradigmas do socialismo marxista da luta de classes. As pessoas «aprenderam», sendo-lhes dito pelos seus governantes, que tinham direito a um mundo em que tudo o que lhes fosse essencial (sendo o conceito latíssimo) lhes seria dado, sem encargos, bastando, para tanto, acreditar na bondade das intenções de quem os governava e na justeza das suas «políticas». A mecânica era simples e também lhes foi «explicada»: os pobres só eram pobres, porque os ricos eram ricos. Logo, indo buscar alguma coisa aos ricos, desapareceriam os pobres. Sobre isto criou-se um mundo de privilégios: reformas aos 40 e poucos anos, por vezes acumulando duas e três simultâneas, pessoas com rendimentos médios e elevados a estudarem de graça e a beneficiarem de cuidados médicos gratuitos, toda a espécie de «garantias» laborais e de «direitos» do empregado face ao empregador, serviços públicos de toda a espécie, etc.

É devido a essa «racionalidade» social, que ainda hoje vemos e ouvimos toda a espécie de pessoas – desde os protagonistas políticos, aos anónimos comentadores da blogosfera – afirmar que a culpa deste estado de coisas é dos «ricos», dos tais que «estão cada vez mais ricos» e que a coisa só se resolve indo buscar-lhes o dinheiro para sustentar os mais pobres. Isto é, obviamente, o que qualquer governo quer ouvir, porque legitima os aumentos de impostos que tanto jeito lhes dá. Mas vou dizer-lhes uma coisa: não há mais «ricos» em Portugal. Infelizmente não os há. E, se os houvesse, ganharíamos todos com isso, porque a riqueza não é um conceito estático e suspenso no vácuo: ou se aplica, gerando emprego e prosperidade, ou desaparece. Portugal não tem «ricos» em abundância, não tem uma classe média próspera, que viva bem e que possa aspirar a viver ainda melhor. O que Portugal tem, tem muitos e feito cada vez mais, são pobres.

O que sucedeu a Portugal foi que estes 40 anos de privilégios empobreceram o país, sugaram-lhe os recursos, descapitalizaram as suas empresas, destruíram a classe média e reduziram os «ricos» a dois ou três figurões da célebre lista da Forbes, que servem ainda hoje de espantalhos para atiçar o ódio às multidões e desviar as atenções do que verdadeiramente está em causa. Quem destruiu a economia portuguesa não foram estes «ricos». Foi o estado, foram os seus sucessivos governos, a racionalidade do privilégio legal e não meritório, a voracidade com que rapinaram o nosso dinheiro e a nossa propriedade em troca de um mundo ideal que, não só nunca chegou, como é cada vez mais árduo e pior do que aquele em que vivíamos no dia anterior.

Se a «Geração à Rasca» continuar sem entender isto, se persistir em pensar que Portugal tem uma imensa riqueza escondida nos bolsos de meia-dúzia de capitalistas malfeitores, se se achar mesmo com direito a um emprego não precário, se não perceber que, por definição, tudo na vida é precário e que só o esforço e o mérito nos poderão dar melhores condições de vida, se continuar a pedir ao governo e ao estado uma vida melhor, em vez de lhes pedir que a deixem viver sem o peso asfixiante do seu paternalismo doentio e castrador, então, Portugal baterá ainda mais no fundo e o «à rasca» de hoje será um sonho de felicidade e abundância de um amanhã muito próximo.

sábado, 12 de março de 2011

Os Portugueses - o porquê de sermos assim

Geração à rasca?
Era no tempo em que, no palácio das Necessidades, ainda havia ocasião para longas conversas.
Um jovem diplomata, em diálogo com um colega mais velho, revelava o seu inconformismo. A situação económica do país era complexa, os índices nacionais de crescimento e bem-estar, se bem que em progressão, revelavam uma distância, ainda significativa, face aos dos nossos parceiros. Olhando retrospectivamente, tudo parecia indicar que uma qualquer “sina” nos condenava a esta permanente “décalage”. E, contudo, olhando para o nosso passado, Portugal “partira” bem:
- Francamente, senhor embaixador, devo confessar que não percebo o que correu mal na nossa história. Como é possível que nós, um povo que descende das gerações de portugueses que “deram novos mundos ao mundo”, que criaram o Brasil, que viajaram pela África e pela Índia, que foram até ao Japão e a lugares bem mais longínquos, que deixaram uma língua e traços de cultura que ainda hoje sobrevivem e são lembrados com admiração, como é possível que hoje sejamos o mais pobre país da Europa ocidental.
O embaixador sorriu, benévolo e sábio, ao responder ao seu jovem colaborador:
- Meu caro, você está muito enganado. Nós não descendemos dessa gente aventureira, que teve a audácia e a coragem de partir pelo mundo, nas caravelas, que fez uma obra notável, de rasgo e ambição.
- Não descendemos? – reagiu, perplexo, o jovem diplomata – Então de quem descendemos nós?
- Nós descendemos dos que ficaram por aqui…

Geração à Rasca - A Manifestação



Caros,

Aqui vos deixo a minha impressão da manifestação de Faro... Para mim foi uma desilusão completa a todos os níveis.

Primeiro porque esperava um Largo de São Francisco cheio... nem 1/4 estava... a mole humana mal chegava ao segundo desvio.
Depois foi o vazio completo de discursos e de ideias, entre umas poesias mais ou menos popularuchas, ninguém disse nada de jeito, não se foi ao âmago das questões, não se discutiu a economia, não se apontaram caminhos, não houve tertúlia, apenas uns quantos a lamentarem-se ao microfone por não terem emprego... sinceramente... eu esperava mais.

Espero sinceramente que a Manif de Lisboa tenha sido mais profícua que esta, que se tenham debatido ideias, levantado questões e sobretudo apresentado soluções e caminhos. 

Outra questão que me fez preocupar foi a ideia de que esta malta supostamente "à rasca" apenas quer ter os mesmos privilégios que a geração anterior teve, não está interessada em construir uma sociedade nova e mais equilibrada. Fiquei muito preocupado com o vazio de conteúdos, o vazio de ideias e a ausência de liderança.

Estou a pensar criar uma tertulia ou um forum de discussão sobre esta materia, ainda nao sei como o vou fazer... mas penso que o que faz falta e discussão... discussão e conteudo.

Cumprimentos cordiais

Luís Passos


quinta-feira, 10 de março de 2011

Geração "à Rasca" - Manifestação dia 12 de Março

 
No próximo sábado, dia 12, vai realizar-se em Faro, no Largo de S. Francisco, pelas 15 horas, o protesto da "Geração à Rasca". Alguns políticos, alguns sectores da comunicação social, e sectores ligados, principalmente, aos partidos que tem sido alternância de Poder, tem procurado denegrir o protesto. Cabe ao cidadão comum pensar por si próprio e ver quem conduziu o País ao descalabro em que este se encontra.
A nós, não nos pedem, impõem-nos os sacrifícios. Aos boy's alcandorados nas administrações das empresas públicas, participadas e nas parcerias público-privadas pagam-se principescamente. 20 (vinte) gestores públicos ganham mensalmente o mesmo que 55.000 funcionários públicos com ordenados médios na ordem dos 908 euros ou dava para pagar a 100.000 desempregados. Entretanto, a TAP, empresa pública, não ficou sujeita aos cortes que o restante sector do Estado teve que se submeter. Como se não bastasse, aumentou em 76% os subsídios às chefias. Como é que é? Por um lado roubam-nos descaradamente para pagar a quem já ganha principescamente.
A Educação está num caos. Não se vislumbram medidas pedagógicas. Apenas uma estratégia economicista e vai daí prevê-se que fechem, no mínimo, 600 escolas. Não é só os professores que estão em casa, são os próprios alunos. Poderão dizer que são escolas primárias e é verdade. Mas imaginem uma criança que viva, por exemplo, em Cachopo. A quantos quilómetros fica da sede do concelho ou da escola mais próxima? Imaginem só os sacrifícios que são pedidos a essas crianças. Em lugar de se promover a solidariedade com o interior aposta-se na sua desertificação.
Na Justiça só se assiste a vergonhas. Por um lado o presidente do Supremo Tribunal de Justiça e presidente do Conselho Superior de Magistratura pressionando o Juis Carlos Alexandre no caso "Face Oculta". Por outro lado, o Procurador Geral da República nomeando um ex-companheiro de governo de José Sócrates para o processo "Freeport". Poderá o Procurador Geral dizer que é por sorteio. Neste País quem é que ainda acredita neste Procurador e neste Presidente do Supremo Tribunal de Justiça? Só, talvez, gentes ligadas ao P"S", PSD e CDS.
Na Saúde pagamos para nos matarem mais depressa. Não por vontade dos médicos mas por vontade política. Cada vez pagamos mais e cada vez temos menos assistência medico-medicamentosa.
Cortam-se os subsídios de desemprego, os abonos de família mas paga-se mais às chefias da Segurança Social. As bolsas ao estudantes são cada vez mais cortadas, retirando a possibilidade às famílias mais carenciadas de proporcionar uma formação superior, ainda que os seus filhos tenham todas as capacidades. Nos empregos paga-se o ordenado mínimo mesmo a quem tenha formação superior que até chega a ter que abdicar de apresentar as suas verdadeiras habilitações se quiser um emprego na "caixa" de qualquer superfície comercial.
O protesto de sábado não vai resolver problema algum, é verdade, mas pode ser uma primeira manifestação do desagrado que todos sentimos. É preciso que as pessoas saiam à rua, que mostrem a sua indignação, que comecem a exigir transparência por parte dos nossos governantes, é preciso que se acabe com "cartão" do partido como forma de arranjar emprego, é preciso que as corporações percam o "peso" que detêm e que nos "amarram" às mais descaradas descriminações na saúde e na justiça, é preciso acabar com os salários milionários e as reformas douradas, é preciso restaurar a democracia.
Restaurar a democracia fazendo uma nova revolução, apeando toda a sorte de oportunistas e salafrários que à pala do partido nos tem roubado...
Participa este sábado no protesto em Faro
 
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