terça-feira, 24 de maio de 2011

Mais de 200 mil pessoas já desistiram de procurar emprego em Portugal

Além dos 688 mil desempregados, há 204 mil pessoas dadas como inactivas porque já não procuram trabalho e não contam para as estatísticas do desemprego.

Não é raro ouvir-se empresários dizer que têm lugares disponíveis e não encontram trabalhadores para os ocupar. Mas o contrário também é verdade. Há cada vez mais pessoas - sobretudo mulheres - a desistir de procurar emprego e que passam para a situação de inactividade. Umas porque, embora estejam disponíveis para trabalhar, já não procuram um emprego. Outras porque simplesmente acham que não têm lugar no mercado de trabalho, devido às suas baixas qualificações ou à idade.

Se estas 204 mil pessoas contassem para as estatísticas, o número de desempregados disparava dos 689 mil para os 892 mil. E a taxa de desemprego, que, no primeiro trimestre de 2011, atingiu o nível histórico de 12,4 por cento, estaria nos 15,5 por cento.

In: Publico
 
De facto estes números impressionam, há muito desemprego não registado, dado que em muitos casos as pessoas preferem não se inscrever no centro de emprego para um novo emprego, dado que aquilo não funciona, é algo a evitar e só causa transtornos. Por outro lado, tal como diz a peça, quando chegar o verão penso que haverá uma debandada, é o mês das férias, e penso que alguns irão fazer a uma fézinha lá fora, e se encontrarem algo interessante já não regressam. Outros, quando os parentes vierem de férias, voltam com eles para os países onde residem, alguns até já terão até emprego pré-negociado por lá.

Mas tem de ser  assim, porque a nossa economia está a encolher, e não consegue absorver tanta mão de obra. Os numeros reais do desemprego devem de facto andar pelos 800.000 desempregados. É muita gente, quase 1/10 da população total, e deve andar perto dos 15 a 20% da população activa. O nosso desemprego está a aproximar-se à velocidade do TGV do nível de desemprego espanhol.

Eu não sou sociólogo, nem percebo nada de engenharia social, mas de modo empírico parece-me que se o desemprego atingir a barreira psicológica dos 20-22% da população activa, poderão haver convulsões sociais muito fortes em Portugal. Neste momento com perto 15% de desemprego real o povo está calmo, apesar de lhe faltar comida na barriga. Eu conheço muita gente que já só faz 1 refeição quente por dia porque o dinheiro não chega para fazer 2. Conheço crianças que a única refeição quente que fazem é na cantina das escolas. Em casa só comem bolachas e bebem leite.

Conheço familias de 4 pessoas que para os 4, um exemplo de refeição são umas batatas cozidas e uma lata de atum regada com um pouco de azeite, e se houver sorte, 1 ou 2 ovos cozidos.

Estamos a voltar aos anos 60 amigos, ou 50, em que numa família tinha para comer meia dúzia de sardinhas, ou penas um naco de pão. Os temos de miséria e escravidão estão ai... E o pior é que não há nada que o povo possa fazer, excepto eventualmente mostrar a sua indignação. 

O problema são as nossas elites que não estão preparadas para governar, os nossos empresários que são tacanhos, medíocres e de vistas curtas. Alguns poucos tem ousadia, investem em negócios lucrativos, criam emprego, mas são muito poucos. Não temos neste momento ninguém com visão.

Os partidos só servem para tomar o orçamento de assalto e dividi-lo pelas suas clientelas. Não se fazem reformas estruturais, não de dinamiza a economia. Podíamos ter sido dos países mais ricos do mundo neste momento... e só não o somos devido a nossa mesquinhez e ignorância.

Cumprimentos cordiais

Luís Passos

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