quinta-feira, 7 de abril de 2011

O resgate de Portugal

Sócrates "não é uma pessoa esclarecida para governar o país" 

A afirmação é do fiscalista Medina Carreira, que acusa o primeiro-ministro José Sócrates de teimosia.

O fiscalista Henrique Medina Carreira considerou hoje que o primeiro-ministro, José Sócrates, não tem esclarecimento para governar o país e que confunde a defesa de Portugal com uma recusa "absurda e teimosa" de entrada do fundo europeu de resgate.
 
"Disseram ao primeiro-ministro que fosse orgulhoso e defendesse a pátria, e ele acha que defender a pátria é tomar aquela posição absolutamente absurda e teimosa, que não vai por diante.

Ou é com ele, ou com alguém a seguir a ele, ou com ele mesmo depois, que o fundo terá de que vir, senão os juros galopam e nós não temos condições para o aceitar", afirmou Medina Carreira, em declarações à agência Lusa, antes de o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, anunciar que o Governo vai pedir ajuda externa.
"É uma teimosia resultante de pouco esclarecimento. Não é uma pessoa esclarecida para governar o país", acrescentou o advogado e fiscalista, à margem do congresso "Quanto Custa ser Feliz", organizado pela revista Cais.

Críticas aos banqueiros 

Medina Carreira criticou ainda os principais banqueiros portugueses, que passaram de uma posição, "há poucos meses", em que defendiam
que Portugal deveria manter o fundo à margem para apelarem agora ao mecanismo europeu.
"Lamento que hoje haja muitas pessoas, bem situadas na nossa sociedade, que clamam pelo fundo quando deveriam ter clamado há um ano e meio", afirmou, referindo que os bancos já não podem emprestar dinheiro ao Estado.
"Eles não têm dinheiro, por conseguinte não podem comprometer-se a emprestá-lo ao Estado. É uma constatação de merceeiro. Os merceeiros só vendem mercadoria se tiveram, os bancos só emprestam dinheiro se têm (...) é natural que a banca diga que financia a economia, mas que o Estado exige quantias de tal forma avultadas que não vamos ter meio", afirmou.
Medina Carreira defendeu ainda que o fundo de resgate europeu "chega tardiamente" e que, se já tivesse vindo antes, as contas nacionais estariam mais certas, os números melhor conhecidos e teríamos um aval internacional.

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