sexta-feira, 15 de abril de 2011

Roubini diz que Portugal poderá vir a reestruturar a dívida

O economista Nouriel Roubini disse hoje que Portugal poderá vir a reestruturar a dívida soberana e acrescentou que no caso da Grécia será uma questão de tempo. 

"A questão na Grécia não é se vai haver uma reestruturação da dívida, mas quando é que vai acontecer", disse hoje, citado pela agência de informação financeira Bloomberg, o economista que ficou conhecido da opinião pública por ter previsto a crise financeira global.
"Podemos usar o mesmo argumento para o Governo de Portugal e os bancos irlandeses", acrescentou Roubini numa conferência em Almaty, a maior cidade do Cazaquistão.
Portugal vai hoje amortizar dívida pública no montante de 4.167 milhões de euros, uma linha de Obrigações do Tesouro emitida em Setembro de 2005 e que atinge agora a maturidade.
Esta linha é a primeira das duas maiores amortizações que Portugal terá de fazer este ano, vencendo a 15 de Junho a segunda linha de Obrigações do Tesouro (OT), que conta atualmente com um saldo vivo (valor a amortizar) de 4.989,6 milhões de euros e que foi emitida em junho de 2001, com um cupão (taxa de juro paga anualmente) de 5,15 por cento.

Na Grécia, o governo liderado por Georges Papandreou vai anunciar hoje novas medidas de austeridade para cumprir as metas do défice de 7,4 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e três por cento em 2014.

Os juros exigidos pelos investidores para deter títulos de dívida soberana grega a cinco e dez anos estão hoje a bater novos máximos no mercado secundário, negociando nos 15,383 e 13,285 por cento, respectivamente.

IN: DN Economia

Exactamente, a reestruturação da divida grega é uma certeza, o que não se sabe ainda é quando é que esta vai ocorrer. Muito provavelmente quando o estado helénico não suportar mais as taxas de juro, o que poderá ocorrer a breve trecho, ou seja, até ao final do semestre.

Portugal já não tem dinheiro para os encargos que se antevêem  em Junho, ou seja, precisa de pelo menos mais 6 mil milhões de euros, que parte deles terão de vir do pacote de ajuda externa, dado que Portugal já não tem capitais próprios para fazer face a esse compromisso.


Assim sendo, caso a Finlândia vete a ajuda a Portugal, terá de ser feita uma reestruturação da divida, os credores terão de perdoar parte da divida, que poderá ir até um perdão máximo na ordem dos 50% e o resto será refinanciado com um novo prazo e plano de pagamentos.


Caso venha a ajuda, já não será assim, porém como diz Roubini, poderá acontecer no longo prazo, porque o dinheiro da assistência vem, qual bolha de oxigénio, mas Portugal não tem economia, para gerar riqueza e pagar os seus compromissos. Como já aqui escrevi num outro post, Portugal poderá vir a ser um Poço sem Fundo... e o FMI e a União Europeia estão cientes disso, até porque já conhecem a experiência grega.


Por isso é que hoje saíram noticias para a comunicação social que o grupo de trabalho do FEEF/FMI anda a estudar o sistema judicial português, no sentido de o por a funcionar com celeridade de modo a fazer este pais um pais atractivo. Ninguém vem investir dinheiro em Portugal com uma maquina judicial que leva 10, 15 20 anos a julgar um caso, que é das mais caras da Europa, que produz resultados duvidosos e é um entrave ao desenvolvimento económico.


Penso que o FEEF/FMI está a aperceber-se no ninho de cucos que se está a meter, e já se aperceberam que sem as reformas estruturais não vale a pena injectarem aqui dinheiro, porque ele entra e desaparece logo, tipo esponja. 

Vai existir um programa de reformas muito rigoroso que com que o próximo governo vai ter de se comprometer no sentido de garantir o recebimento da ajuda economia. Caso contrário seremos largados à nossa própria sorte e... até quem sabe... expulsos do Euro.


Cumprimentos cordiais


Luís Passos

Sem comentários:

Enviar um comentário