sábado, 9 de abril de 2011

Faro anos 70: um olhar sobre Faro e sobre o Algarve

Parte I


Parte II


Caros,

Encontrei estes vídeos no Youtube, penso serem de Luís Rosa (???). Após ve-los contactei que os problemas de Faro ao fim de 40 anos continuam os mesmos: 
- Ruas em maus estado (sobretudo os cominhos municipais);
- Falta recintos para prática de desportos (temos um pavilhão que custou 2 milhões de euros e que está por concluir e ao abandono); 
- Faltam locais de diversão (para quando o passeio ribeirinho com os locais de diversão nocturna nessa zona a fim de libertar os moradores da baixa do suplicio que vivem hoje?); 
- A Universidade já existe, mas que não tem oferta de prestigio e qualidade, fazendo com que ainda se vá estudar para Lisboa (nas áreas das engenharias a oferta aqui é muito fraca, e os cursos não têm prestigio e aceitação no mercado de trabalho fora do Algarve, eu próprio que me formei nesta universidade já perdi oportunidades de trabalho pelo facto de ter tirado o curso aqui, por simples preconceito, não por falta de competência técnica. Isto deve-se ao facto da Universidade estar de costas viradas para a sociedade civil, não participar em programas de investigação como fazem o IST ou FEUP e muitos outros. Além disso alguns professores já deviam era estar na reforma e dar o lugar a sangue novo. Os cursos são teóricos, não existem bons laboratórios e a Universidade está de costas voltadas para a sociedade civil. Em certa parte porque os professores querem receber o seu salário ao fim do mês e não se querem chatear muito).
 - Mau ordenamento da cidade e desrespeito pela arquitectura tradicional, optando-se pela arquitectura "mamarracho", sendo este estilo sinonimo de progresso e avanço... nada mais errado... a cidade está descaracterizada... qualquer turista que nos visita que procure o Very Typical... não encontra nada... apenas betão... igual a qualquer outra cidade.

Se analisarem a parte II do video, vão encontrar em 0:30 a imagem de uma automotora ALLAN igual à da foto seguinte a passar por cima da ponte da doca a rebocar outra unidade igual pintada de verde (verde era a antiga cor da CP)


No segundo 0:37 ve-se um autocarro urbano. Nesta altura os transportes urbanos de Faro eram denominados TUCF, e os seus autocarros eram pintados de Laranja (o mesmo tom do laranja da CARRIS de Lisboa). Eram autocarros mais pequenos que faziam as linhas Atalaia-Jardim-Montenegro-Praia de Faro, Jadim-Patacão-Mar e Guerra, bem como outros percursos que entretanto desapareceram.

Se alguém tiver informação sobre estes percursos antigos gostaria que comentasse, pois é um assunto que me interessa. A propósito do autocarro, pelo aspecto parece-me que é um SAVIEM, ou então OM de fabrico italiano. Também já me ocorreu que poderia ser um Leyland igual a um que tinha a direcção geral da agricultura, mas uma carroçaria mais antiga. Se alguém tiver informações sobre estes autocarros agradeço que comente o post.

Penso que deveria ser constituída de novo a TUCF, com capitais mistos, privados e municipais, de modo a ser auto-suficiente, gerando receitas próprias explorando as linhas urbanas de Faro. Estamos em crise, abaixo a subsidiodependência. O Município paga à EVA um balúrdio pelo serviço de Mini-bus. Acabe-se com a parasitagem. O serviço deve ser auto suficiente, gerar receitas próprias. Se não gerar receitas próprias acabe-se com o serviço. Em alguns casos há dupla concorrencia, em que existem carreiras urbanas da EVA e Mini-bus simultaneamente, como é o caso do Patacão. Puro desperdício.

No 1:36 podemos ver o magnifico edificio do BNU, na Rua de Santo António, que foi demolido para dar origem a um mamarracho, que agora depois das obras ainda ficou mais horrível. Quer pela ausencia de estilo e desenquadramento arquitectónico, quer pela cor exterior. Uma cagada em 3 actos.

Deixou de se ver o artesanato típico do Algarve a venda, as empreitas, os latões, as cerâmicas... agora todas as lembranças que se vê nas lojas são MADE IN CHINA. E depois queixam-se do desemprego... podera...

No minuto 2:05 se vê o mercado de Faro, digam o que disserem, o mercado antigo era muitíssimo mais interessante que o mercado de hoje. Era eu miudo, com 5 ou 6 anos e ia ao mercado com a minha mãe. O mercado estava cheio, havia de tudo, desde os artigos de plastico (baldes, caixas, regadores, etc) legumes e vegetais, talhos (havia imensos) e peixe. Agora talhos, há poucos, 2 ou 3 penso eu, as bancadas estão reduzidas a menos de metade. O espaço é atravancado vejam as fotografias actuais:





Agora reparem na praça antiga nesta foto:


O local era wide-open space, sem compartimentação, os aromas da fruta, dos vegetais e até do peixe misturavam-se criando uma atmosfera única.Apesar do edifício não ser muito grande, lá dentro devido ao seu elevado pé direito fazia-se sentir maior do que era na realidade. No novo edificio é precisamente o contrário. Apesar de ser maior que o antigo, faz-nos sentir mais atravancados e claustrofóbicos. A circulação de ar também não é a melhor.

A partir do minuto 2:30 podemos ver algumas das industrias que tínhamos, citrinos, cimento (que ainda temos) e o Carmo e Brás (que já se foi), bem como uma espingardaria que não sei se ainda existe (muito provavelmente não). É óbvio que o que aconteceu em Faro aconteceu também no resto do pais. O pais tercearizou-se e achou-se que podia-se viver de serviços, importando tudo o resto. Nada mais estúpido.

É um dó de alma ver actualmente os terrenos da campina ao abandono. Ninguém produz nada, compra-se os produtos espanhóis e franceses de muito pior qualidade, o mesmo se passando com o peixe.

É preciso criar sectores produtivos, esses sim vão reduzir o nosso deficit externo, criar riqueza, temos de consumir produtos portugueses, reduzir as importações e aumentar a economia nacional. Temos de ser nacionalistas, só com uma forte onda de patriotismo e solidariedade nacional vamos conseguir sair do buraco em que estamos metidos.

No minuto 5:45 o avião que vemos aterrar é um Sud-Aviation Caravelle 6R, a TAP tinha 3 aviões deste tipo, baptizados com os nomes GOA (CS-TCA); DAMÃO (CS-TCB) e DIU (CS-TCC).

No minuto 6:42 temos um Bristol Britannia com os seus 4 motores turbo-hélice Rolls Royce Proteus da companhia BUA - British United Airways, que operava charters para o Algarve no inicio dos anos 70.

Espero sinceramente que neste momento de crise profunda que o nosso pais vive, se olhe para o que fomos no passado, sobretudo nos anos 70, quando estávamos no nosso auge, com taxas de crescimento de 5 a 6% ao ano, com superavits orçamentais e vejam e percebam que condições é que estavam criadas para que esse fenómeno acontecesse, e agora saibam replicar essas condições... que são:

- Criação de bens para exportação;
- Produção própria de alimentos;
- Serviços de alta qualidade (turismo, banca, negócios);
- Apoio a industria e ao fomento da agricultura.

Assim pode ser que consigamos sair da crise, voltar a atingir o pleno emprego e pagar-mos as nossas dividas, caso contrário... algo de muito mal vai correr!

E não nos deixemos cair em contos de fadas, porque na Grécia, eles já viram no que se meteram e já chegaram a conclusão que mesmo com o FMI não vão conseguir pagar as dividas e já estão a pedir a restruturação da divida. Portugal se não se põe a pau vai pelo mesmo caminho, e depois serão décadas e décadas perdidas e gerações escravas a pagar o desvario dos avós e bisavós.

Pensem nisso!

Cumprimentos cordiais

Luís Passos

1 comentário:

  1. Concordo plenamente com tudo que foi reportado.
    Temos de ter orgulho no que é nosso e meter as mãos ao trabalho. Hoje em dia tudo quer ser Dr. e ninguém quer trabalhar, tudo quer mandar, e assim não vmaos lá. Temos de ter iniciativa e organizarmo-nos como deve ser.É uma tristeza ver os campos a arder por falta de tratamento e limpeza.

    Manuel Santos de Faro

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