Cenário 1: PSD ganha e consegue, com o PP, maioria absoluta. Forma governo, acata (que remédio) as medidas duras do FMI, Sócrates, ainda mais atiçado, mantém a sua maquievélica propaganda, e o povo, estúpido, põe as culpas na nova AD, com a mesma leveza com que já pinta murais pela cidade fora, não contra Sócrates, mas contra o FMI. A AD desgasta-se e eleições não muito longínquas marcam, ou o regresso de Sócrates, ou a desejada (mas improvável) "mudança de regime".
Cenário 2: PSD ganha mas não consegue maioria absoluta com o PP. Na impossibilidade de formar um Bloco Central com o PS, dado que Sócrates não se demite, Cavaco convoca novas eleições, contrariado mas sem se incomodar demasiado.
Cenário 3: PS ganha e consegue maioria absoluta com o PP. Passos demite-se. Portas aceita, com sentido de Estado, a coligação com Sócrates, num namora que não dura mais que uns meses. O povo, descontente com o governo e com maior clareza sobre a dimensão da mentira socrática, empurra Sócrates para fora do palco das eleições que batem à porta. Novos protagonisas (menos Portas e Louçã, claro; Jerónimo não conta, é outro campeonato).
Cenário 4: PS ganha e consegue maioria absoluta apenas com PCP e BE juntos.Cruzes credo, grita Cavaco à sua Maria. PCP e BE acabam por aceitar, mas perante a "malvada tecnocracia" do insensível FMI, rompem a coligação. Sócrates sai queimado. E Passos já se teria demitido.
Cenário 5: PS ganha e só consegue maioria absoluta com o PSD. Passos Coelho demite-se (aliás, tinha já dito que com Sócrates não governava) e alguém do PSD sujeita-se a ser bengala do PS. Os podres do socratismo são revelados a conta-gotas, e todos os os restantes partidos partem para novas eleições reforçados.
Perante isto, há questões estratégias e questões de ética a ter em conta. A ética manda que Sócrates seja punido pela sua actuação nos últimos anos. A estratégia não é tão linear. Por vezes é preferível perder uma batalha para ganhar uma guerra; por vezes é preferível oferecer uma finta ao adversário, no xadrez mais que no futebol, suponho, para melhor o encurralar depois; por vezes é preferível não prender um criminoso hoje e apreender 20 kg de cocaína, mas esperar por amanhã e capturar 300 kg.
Mas não estou a dizer A nem B, estou a pensar alto. E acrescento apenas uma coisa: a linha diferenciadora entre estratégia e ética não é propriamente linear, sobretudo se aceitarmos o pressuposto que dentro da ética cabe também uma preocupação com op futuro de Portugal e dos portugueses. Sem conversas da treta, com os nossos filhos e netos. As próximas eleições decidem provavelmente os próximos 6 a 12 meses de governo, e muito provavelmente o que de mais relevante decidirão é quem é que vai levar porrada pelo estado a que chegámos - independentemente de ter responsabilidade ou não. Será triste, mas se calhar vai ser mesmo assim. Não sei.
Sei que amo demasiado o país e esta gente tão familiar e tão querida, com todas as suas virtudes e defeitos, para balizar uma análise política num horizonte de 1 ano ou sucumbir ao desejo que se faça justiça de forma um tanto ou quanto emocional.
Mas isto é sobretudo pensar alto. Que rotulem, tanto se me dá.
Tiago Mendes In: Cachimbo de Magrite
De acordo com os cenários apresentados, com estes políticos, seja qual for a solução o desfecho é sempre mau, e muito provavelmente haverá eleições intercalares na próxima legislatura.
Com gente desta o pais não se aguenta, estes partidos políticos de agora ainda conseguem ser piores que os da 1ª Republica. Não há volta a dar... este pais é inviável...
Quem poder... que saia do pais quanto antes... pire-se daqui para fora... isto vai-se tornar num inferno a curto prazo...
Cumprimentos cordiais
Luís Passos
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