Portugal no Conselho de Segurança das Nações Unidas

O nosso país foi eleito pela terceira vez para o órgão mais importante da diplomacia mundial, tendo deixado para trás a candidatura canadiana. 

A diplomacia nacional conseguiu ontem mais uma grande vitória no plano internacional. À segunda volta, e depois da desistência do Canadá, Portugal foi eleito, a par da Alemanha, como membro não permanente do Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas por parte do grupo da "Europa Ocidental e Outros" para os anos de 2011 e 2012. Com esta eleição, o país passa a ter um voto na agenda internacional, como a mobilização de tropas de manutenção de paz. O sucesso da diplomacia portuguesa foi imediatamente alvo de reacções positivas nos vários quadrantes da vida política, tendo o primeiro-ministro José Sócrates feito uma conferência de imprensa onde disse que esta eleição deve servir para os portugueses "aumentarem a sua auto-estima", sublinhando o "prestígio" de que gozam "a diplomacia e a política externa" nacionais.

A eleição de Portugal não foi fácil. Na reunião da Assembleia-Geral da ONU que se realizou ontem em Nova Iorque para escolher os novos membros que iriam integrar o Conselho de Segurança, estavam disponíveis dois assentos no grupo que integrava Portugal, e mais um para os blocos da América Latina, Ásia e África.

A rivalizar com o nosso país num acto que exigia uma maioria de dois terços das nações votantes estavam a Alemanha e o Canadá. Após a primeira volta, ficou patente que os apoios estavam divididos: enquanto Berlim viu imediatamente o seu assento garantido por apenas um voto, ao receber 128 dos 190 votos válidos para o grupo europeu, Portugal obteve apenas 122 votos e o Canadá 114, insuficientes para a serem eleitos.

A Assembleia-Geral viu-se por isso forçada a proceder a uma segunda ronda. Ao mesmo tempo que o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Guido Westerwelle, agradecia a Portugal e ao Canadá pela "campanha honesta", o representante canadiano anunciava a desistência do seu país, felicitando Portugal e a Alemanha. As regras ditavam no entanto que o escrutínio fosse avante, tendo Portugal vencido com 150 votos. Já nos outros grupos, a Índia, a África do Sul e a Colômbia obtiveram todos a vitória imediata. A entrada da Índia e da Alemanha no CS, e onde já está o Brasil, é vista por Nova Delhi como uma oportunidade para reformar o jogo de forças num organização que continua presa à lógica dos vencedores da Segunda Guerra Mundial.

 In: Diário Económico

WASHINGTON — Colômbia, África do Sul, Índia, Portugal e Alemanha foram eleitos nesta terça-feira novos membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU.