sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Aeroporto de Faro servirá Sudoeste da Andaluzia



O Governo quer promover soluções multimodais para potenciar a conexão do aeroporto de Faro com Huelva.

"O objetivo é posicionar Faro como o aeroporto turístico de referência do Algarve e do Sudoeste da Andaluzia", refere a proposta do Governo para o OE2011.

Assim, o aeroporto de Faro continuará a atrair linhas aéreas para estabelecer novas rotas entre Faro e outros aeroportos europeus em colaboração com agentes económicos, turísticos e imobiliários.

Para tal, o aeroporto de Faro terá de continuar a melhorar os níveis de serviço prestados aos clientes, mantendo padrões acima da qualidade média europeia.

Empresários e responsáveis turísticos dos dois lados da fronteira acreditam que as regiões não podem estar mais tempo de costas voltadas e sugerem acções conjuntas de promoção. Aeroporto de Faro ganha relevo no contexto Andaluz, mas reduz viabilidade de novo aeroporto em Huelva.

Os responsáveis turísticos algarvios e andaluzes entendem que a promoção das duas regiões deve começar a ser feita de um modo «concertado», de forma a garantir um fluxo contínuo de turistas durante todo o ano.
De fora, parecem ficar as querelas associadas ao Spanish Algarve e à promoção abusiva da região por parte de alguns operadores britânicos, sobretudo quando o Aeroporto de Faro se torna numa importante porta de entrada de turistas para a afamada Costa da Luz espanhola.

Esta é uma das conclusões do III Fórum Empresarial Algarve/Alentejo/Andaluzia, que teve lugar na sexta-feira, em Vila Real de Santo António, e reuniu mais de três centenas de empresários e organismos económicos ibéricos.

«Acima de tudo, temos, de uma vez por todas, de identificar os problemas que são comuns ao Algarve e à Andaluzia, até porque se torna cada vez mais difícil promovermo-nos no mercado americano de uma forma isolada», alertou o presidente da Associação Sotavento Algarvio (ASA) Almeida Pires.
Opinião idêntica é partilhada pelo presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA) António Pina que, apesar de manter a sua posição relativamente à utilização abusiva da marca Algarve, disse ao «barlavento» que a região não pode ter medo de apostar numa promoção conjunta, apoiada por uma entidade reguladora.
Alerta, todavia, que, para esta parceria ter sucesso, será necessário envolver os empresários dos dois lados da fronteira em projectos que envolvam aplicação de capitais. «Depois, a promoção surgirá naturalmente», preconiza.

Também Vítor Neto, presidente da Associação Empresarial da Região do Algarve (Nera) e ex-secretário de Estado do Turismo, entende que Algarve e Andaluzia devem começar a apostar numa oferta «convergente» para garantir a rentabilidade económica durante todo o ano, embora lembre que a região portuguesa não pode ser comparada ao gigante andaluz, cuja população total é semelhante à de todo o território de Portugal.
Por esta razão, aconselha que uma eventual união de esforços se deve basear num modelo territorial que abranja o Algarve e apenas a província de Huelva, territórios com características semelhantes e com igual de número de habitantes.

Segundo Vítor Neto, é também esta província andaluza que tem contribuído para que Faro se transforme no segundo aeroporto nacional, só encontrando no terminal de Málaga um potencial rival.
Nesta linha, Carlos Luís, vice presidente da Associação Turismo do Algarve e delegado regional da Associação Portuguesa de Agências de Viagem e Turismo, faz mesmo notar que «o aeroporto de Sevilha apenas está a aproveitar cerca de 30 por cento da sua capacidade», pouco mais de dois milhões de passageiros.

Porquê? «Qualquer turista que passe férias na costa de Huelva demora pelo menos três quartos de hora para atravessar Sevilha e chegar ao aeroporto, o que continua a tornar Faro numa opção vantajosa em termos de tempo e de proximidade», observa o também presidente da Confederação dos Empresários do Algarve.
Para Carlos Luís, não faz assim «nenhum sentido» dizer que as unidades hoteleiras de Huelva estão a «roubar» turistas ao Algarve. «Destinos cada vez mais acessíveis, como as Caraíbas, é que são os nossos concorrentes mais directos, e não os espanhóis», assevera.

Bem pelo contrário, o representante andaluz do gigante hoteleiro Barceló queixa-se de que as low cost estacionadas em Faro e as marcações de alojamento operadas directamente pelas companhias aéreas estão a travar o fluxo de clientes.

«Normalmente, o turista compra um voo barato e depois procura, nos motores de busca, hotéis a menos de 50 quilómetros. Nós estamos localizados numa faixa superior a essa distância e isso tem-nos trazido dificuldades», testemunha.

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