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Fig 1 - Autocarro do "Santos" de marca Ford |
O autocarro na foto não é na realidade o primeiro autocarro que fez o serviço Faro – São Braz, mas sim o segundo. Manuel Gonçalves dos Santos, mais conhecido como o “Santos”, era natural de Albufeira, tendo iniciado a sua actividade na sua terra, fazendo o transporte entre a estação de Ferreiras (estação de comboio de Albufeira) e a Vila de Albufeira. Tendo desistido dessa concessão e vindo para Faro, com um velhinho autocarro GMC (do grupo General Motors) fazer o transporte entre Faro e São Brás. A “gare do Santos” ficava no largo de São Pedro, junto da casa da água, no actual Jardim Catarina Eufémia, sendo a bilheteira e terminal de carga no edifício onde até há pouco tempo existia uma papelaria.
No ano de 1926, precisamente o ano da foto, o velhinho GMC já não podia com “a gata pelo rabo”, além disso o negócio estava-se expandindo, e o Santos associou-se a José da Cruz Costa e Fausto Rodrigues Andrade. Assim, foi criado um novo percurso entre Vilarinhos, São Brás e Faro, tendo para isso encomendado em Lisboa um “chassis” FORD no qual montaram uma primitiva carroçaria de madeira.
Para percebermos como este tipo de autocarros é construído, aqui temos uma foto de um autocarro a ser construido.
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Fig 2 - Construção de autocarro de chassis de madeira |
O chassis e elementos mecânicos (motor, transmissão, travões, etc) eram adquiridos a um fabricante (neste caso por exemplo foi a Ford) e depois a carroçaria era por construída um carroçador ou então pelos mecânicos da empresa de transportes, como era habitual aqui no Algarve.
No Algarve existiram outras empresas a operar na época, entre elas o Cipriano das Neves de Loulé mas durou pouco, operava uma Overland.
Em Olhão existia a Empresa Rodoviária do Algarve, propriedade do famoso “Silva”, os autocarros eram vermelhos e cinzentos. Inicialmente eles operavam Chevrolets e ainda Internationals C35B.
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Fig 3 - Autocarro Chevrolet - E.R.A. Olhão |
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Fig 4 - Autocarro International C35B da E.R.A. Olhão |
Estes autocarros eram lentos e só a muito custo atingiam a vertiginosa velocidade de 80 km/h.
Em Faro, resultando de múltiplas fusões de diversas empresas que se dedicavam ao transporte de passageiros surgiu em 1933 a Empresa de Viação do Algarve, Lda – EVA.
A EVA inicialmente iniciou a sua operação com autocarros do tipo Panhard com motores volvo, como este do anuncio .
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Fig 5 - Anuncio da EVA - Empresa de Viação do Algarve |
Ao longo dos anos a EVA operou autocarros de diversas marcas, desde Bedfords com motor Perkins, Volvos, AEC, entre muitos outros.
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Fig 6 - Autocarros da EVA - Empresa de Viação do Algarve |
Os autocarros da EVA eram verdes de cinzentos, e o seu terminal era junto a doca, no local indicado na foto anterior. Neste tempo ainda não havia o terminal rodoviário actual, só construído nos anos 70, creio eu. Do outro lado da Praça Ferreira de Almeida, junto a actual loja de fotografias, era o terminal dos autocarros do "Silva" (os de Olhão). Eram vermelhinhos, com traço azul ao centro e a parte inferior pintada de cinza. Na fig 6 consegue-se ver a retaguarda de um autocarro do Silva parado junto ao seu terminal (no canto superior esquerdo).
Na Fig 7 podemos ver dois autocarros da marca AEC, modelo Reliance, parados junto à doca.
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Fig 7 - AEC Reliance da Empresa Rodoviária do Algarve (E.RA. de Olhão) |
Nesta fotografia se vêem vários autocarros Volvo da EVA e uma BEDFORD com motor Perkins da empresa Rodoviária do Algarve (a do Silva, de Olhão) vermelhinha.
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Fig 8 - Bedford da E.R.A. (vermelhinha) junto dos autocarros da EVA | | | | | |
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Sou um dos filhos de António Evaristo dos Santos e como esta história é contada não valorizam a empresa em nome individual que permaneceu viva sem entrada de sócios até Agosto? de 1971 enfrentando uma concorrência desleal apoiada pela política fascista que existia na época
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