quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A Semana de recepção ao caloiro

Caros,

Pelo que vejo na maioria dos blogs que se preocupam com os problemas da cidade, vejo que existe um enorme reboliço em torno desta questão.

Bem vamos por partes, eu também já fui estudante, tirei uma licenciatura e um mestrado, mas era raro ir as semanas académicas e as festas. Geralmente quando era a semana académica ia no dia do concerto dos Xutos & Pontapés com a malta amiga, mas ninguém de nosso grupo apanhava bezanas, íamos la, estávamos com os nossos amigos, e depois quando o concerto acabasse vínhamos embora.

De facto antigamente, existiam os arraiais académicos no campus da penha, logo de inicio achei muito esquisito porque os arraiais se realizavam a quinta feira se havia aulas a sexta, e logo percebi que à sexta feira, o pessoal que é de fora de Faro, que é a esmagadora maioria nunca ia as aulas. Como tinham de fazer a mala, arranjar as coisas, e ir apanhar o autocarro ou comboio, sobretudo se fossem de longe, porque os horários dos expressos normalmente ou são de manhãzinha ou são a meio da tarde.


Depois o actual reitor acabou com esses arraiais.


Quanto à semana académica, bem, a ideia com que fico é que a semana académica ou a semana da recepção ao caloiro, deixou de ter a importância que tinha aqui a uns anos e passou a ter uma importância comercial.
Tal como o Natal ou a Páscoa, que para os cristãos tinha imenso significado à uns anos atrás, agora é apenas um momento de comprar coisas, de gastar, de ir a centros comerciais, desprovido de qualquer outro significado mais humano.


Com a semana académica está a passar-se o mesmo. Antes este evento era um ritual, que marcava o inicio do ano lectivo, com o respectivo desfile, em que os cursos se empenhavam em fazer a melhor participação possível, e era até uma forma de se darem a conhecer a cidade. E a cidade participava, estando nas janelas no dia do desfile, cantando, mandado água, brincando e divertindo-se.


Parece que este ano, com este novo presidente da AAUALG, parece que houve até um trio eléctrico e que o desfile marcou a pobreza e a ausência dos antigos valores académicos, tipo uma coisa de novo-rico parolo-pimba.


Os concertos antigamente só duravam 5 dias e penso que eram mais do que suficiente. Antigamente esses concertos e festivais serviam para a malta se conhecer, para se arranjarem namorados e namoradas, e para se ouvir as musicas do momento. Hoje não, e tudo muito comercial.


Antigamente as barraquinhas eram organizadas pelos alunos dos cursos que iam para la vender bebidas, e o dinheiro arrecadado na barraca ia para a viagem de finalistas ou para comprar qualquer equipamento necessário. Hoje são as empresas de bebidas que vão lá vender, ou seja, e tudo comercial, e para o negócio, está tudo desvirtuado dos princípios e valores iniciais.


Quanto à localização, nunca fui a uma semana académica no largo de são Francisco, porque antes estas eram feitas na Penha, junto às piscinas. Mas julgo que o largo de São Francisco não é de facto adequado dada a densidade populacional que estende a sua volta, bem como é o único estacionamento gratuito existente em Faro.


Uma vez que não é possível voltar a fazer a semana academica na Penha, e nem em Gambelas, penso que o local mais adequado para este tipo de evento seria o Parque das Cidades, junto ao estádio.
Uma vez ate sugeri isso a um antigo presidente da AAUALG, e ainda sugeri que fosse criado um Shuttle de Autocarros, vindos da Penha e de Gambelas de 15 em 15 minutos, para poder escoar todos os participantes.


Foi-me dito que não era possível, que não era prático e que a EVA tinha pedido um valor exorbitante.


Bem, não sei se assim é, mas se há dinheiro para trios eléctricos e outras aberrações. Além disso, estes senhores, alguns do curso de Gestão, não honram o curso que têm... vamos la ver uma coisa...

Então quando fazem a planificação e a análise financeira do festival, porque não entram em linha de conta com estas despesas, estudem o caso e calculem o preço dos bilhetes de forma a cobrir essas despesas.

Dá-me a ideia que a AAUALG quer é a solução mais fácil e maximizar os lucros, aumentando o numero de dias de festival e assim aumentado as receitas. Ou seja, quer é fazer dinheiro.

Quanto à edilidade Farense, bem... aqui acho que a Câmara se portou muitíssimo mal.

Primeiro porque autorizou que o festival se desenvolvesse no Largo de São Francisco e aprovando para isso um determinado horário. Depois o presidente Macário Correia, a meio do jogo, desautorizando o seu vereador, altera em cima da hora o horário.

Bem, vamos ver, apesar de eu não concordar com a realização daquele festival no Largo de São Francisco, tenho de ser imparcial. Neste caso a AAUALG tem toda a razão.

Primeiro porque o evento foi aprovado, a programação foi planeada em função dessa decisão. O estudo de viabilidade, o preço dos bilhetes  (os cash-flows diários) foram calculados em função disso. Logo vai haver uma perda de receita causada por essa alteração de horário. Como essa alteração já foi feita quando o jogo ia a meio, a edilidade é responsável pelos prejuízos, devendo por isso indemnizar a AAUALG. Penso que o departamento jurídico da AAUALG deve estar já a trabalhar nisso (se não estão, deveriam estar).

É como se a edilidade licenciasse um bar para estar aberto até uma determinada hora, e que para isso o dono tivesse de fazer um brutal investimento, e depois quando a obra estivesse pronta, olhe amigo, sinto muito, vou mudar as regras do jogo, e agora já não pode abrir. Um verdadeiro caso judicial.

O que se passou foi uma luta partidária entre o Presidente Macário e o PS (através do filho do Apolinário, Guilherme Portada), em que o Macário, com o seu estilo saloio, quis mostrar que é ele quem manda. Isto foi completamente deprimente e despropositado, não havia necessidade.

A câmara não fez o trabalho de casa, o Presidente Macário é um centralista, não delega, e devia ter pessoas próximas dele a analisar estas questões e a aconselha-lo a tomar decisões, para evitar situações como esta. Isto e pura incompetência e pode vir a custar muito caro a edilidade, se o caso for para tribunal, sobretudo numa câmara falida.

Acho que ninguém sai bem na fotografia, é uma situação lamentável que não tinha de acontecer, e só aconteceu devido a incompetência da câmara em gerir o espaço publico e a ganância da AAUALG.

Cumprimentos cordiais

Luis Passos

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