terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Portugal, um pais sem Futuro

Um pais sem Futuro

Por: Paulo Pinto Mascarenhas, Correio da Manhã

Um país num beco sem saída. É esta a imagem com que ficamos quando chegamos à última página do livro ‘Segurança Social – O Futuro Hipotecado’, de Fernando Ribeiro Mendes. Ninguém pode dizer que o autor não sabe do que fala: Ribeiro Mendes foi secretário de Estado da Segurança Social entre 1995 e 1999, era ministro Vieira da Silva e primeiro-ministro António Guterres. 

O economista conhece a realidade como poucos e, no livro que hoje é lançado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos – mais um serviço público da instituição privada dirigida por António Barreto –, traça um retrato assustador do futuro do País. É ele próprio quem assume que as chamadas "reformas" que se fizeram nos últimos anos foram largamente insuficientes, para não dizer pior. Crescimento e competitividade são as únicas receitas para combater esta sucessiva hipoteca do País. Mas já não chegam para remediar a situação. 

Quem estiver hoje na casa dos 40/50 anos deve simplesmente esquecer os valores da pensão que o Estado lhe prometeu e para a qual descontou décadas a fio. É literalmente no poupar que está o ganho – e a aposta deve ser na poupança privada. As pensões já foram reduzidas em 2007 e, provavelmente, a idade da reforma terá de vir a ser de novo aumentada. Como explica Ribeiro Mendes no livro com pouco mais de 100 páginas, poderá haver no futuro próximo, num cenário a médio prazo, tectos para as reformas a partir dos quais estas não serão pagas. Leiam com atenção: a mensagem deste livro não é pessimista, mas apenas realista. 

Continuamos a viver acima das possibilidades e quem vai pagar a factura no fim da festa serão os nossos filhos e os nossos netos. Mas todos nós, também: não suspirem de alívio os mais velhos, porque o preço da dívida já se vai começar a sentir este ano e no próximo, cada vez mais. 

É obrigatório que os políticos comecem a dizer a verdade aos portugueses. Ribeiro Mendes lembra que já em 2009 era mais do que conhecido o estado incomportável da Segurança Social. Mas, como se estava em ano de eleições, nada se disse sobre o assunto. Bem pelo contrário, voltou a prometer-se bolsas e subsídios.
Parece claro o diagnóstico, mas não há soluções milagrosas para a doença que afecta Portugal. A manta pública vai ter de ser mais curta e não irá chegar para cobrir tudo e todos. Defender menos Estado e melhor Estado vai deixar de ser um ‘slogan’ e passar a ser uma exigência nacional. 

Muito interessante esta crónica, praticamente está tudo dito, dificilmente poderei acrescentar algo sem repetir o autor. É urgente que o povo se mentalize que esta é a realidade, não vale a pena andar com paninhos quentes, os tempos que ai vêm vão ser muito duros, o pais vai retroceder muitos anos no que toca a aspectos que achávamos que eram direitos adquiridos.

Tal como aconteceu no estado novo, a guerra colonial e a situação politica vigente foram o catalisador para a eclosão de uma mudança de regime, no momento presente penso que o catalisador será a ECONOMIA, tal como Medina Carreira também já referiu.

Será pela ECONOMIA (ou pela falta dela mais concretamente) que se irão opera mudanças dramáticas neste pais. Era preferível que essas mudanças se dessem de forma tranquila e gradativa, mas julgo que há semelhança da Tunísia e Egipto, essas mudanças vão ocorrer de uma forma violenta, rápida, intempestiva e não é pelo facto de estarmos na U.E. que essas situações não deixarão de acontecer... 

É uma pena... este poderia ser o melhor pais da Europa para se viver... e no entanto... e uma desgraça a todos os níveis, estamos ao mesmo nível do Brasil no período do Color de Mello. A corrupção é por todos os lados, a roubalheira, o safe-se quem puder. O pais não consegue aguentar mais tanta paulada... alguma coisa vai ceder... É aguardar os próximos episódios...

Cumprimentos cordiais

Luís Passos 

2 comentários:

  1. O problema tem a ver com o fim da luta ideologica. A elevação da economia à condição de ieologia dominante levou o nosso, e não só, país à falencia. Foram os senhores economistas e mais as suas teorias que destruiram tudo. E a Segurança Social é um exemplo disso. Degradar os serviços publicos para forçar a opção pelos privados, pelos PPR e outras formas de assegurar a reforma.
    A inversão dos conceitos; a segurança social passou a proteger a familia em vez de assegurar a protecção do trabalhador, ou seja o individuo ainda não nascei e já tem direitos.
    Entre entidade patronal e trabalhador são descontados cerca de 36% para a segurança social o que significa que em cada três anos temos um ano completo de descontos, o que numa carreira contributiva de 39 anos o trabalhador tem arrecadados o equivalente a 13 anos completos; se for para a reforma aos 65, com os 13 atingiria os 78 anos de idade. Funcionando como uma entidade mutualista, a aplicação financeira dos pagamentos por conta da reforma criariam mais valias para dar as prestações complementares ( apoio à familia). O anterior regime com todos os defeitos que tinha, aplicava esse dinheiro na construção de bairros que vendia aos beneficiarios a preço de custo, mas que funcionando como um banco, aumentava significativamente aquelas mais valias.
    Devo lembrar que para além da protecção na doença, desemprego e velhice, o anterior sistema assegurava tambem a assistencia medica e medicamentosa. Não era perfeito, longe disso, mas podia ser melhorado sem perder de vista a sua sustentabilidade. O que os nossos "doutores" fizeram, foi retirar a sustentabilidade do sistema, conduzi-lo à falencia, para nos obrigar a fazermos seguros de saude ou de reforma. É o neo-liberalismo envergonhado destes socialistas da treta.
    Se pensarmos que os ministros das finanças, regra geral, vêm da banca, compreende-se o vicio de forma que está subjacente às suas decisões nestas materias. Afinal as seguradoras estão nas suas mãos e a saúde e segurança social são um nicho de mercado a desenvolver para engordar ainda mais, o sector que originou a presente crise mas que passa ao lado dela como se nada tivesse acontecido. É só somar milhões atraz de milhões.
    Um torneiro mecanico feito presidente conseguiu melhores resultados que todos estes economistas juntos, fazendo crescer o seu país Brasil para niveis nunca vistos.
    E se há corrupção no Brasil. Para onde nos querem conduzir?

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  2. Antonio,

    Concordo consigo, mas será que estes "erros" dos gestores não foram premeditados de forma a destruir algo que era de todos e funcionava bem de modo a que as pessoas passem a ter de depender de privados, por o estado não conseguir garantir serviços mínimos (estou a pensar na saúde e nas reformas).

    Grande parte dos bancos que provocaram a crise são donos das seguradores que vendem os PPR privados e os planos de saúde.

    Na verdade o que houve foi uma transferência de "clientes" do estado para o privado.

    É um facto... o estado social acabou... foi tudo um sonho... já não existe mais.

    Segurem-se bem... os tempos que ai vêm... serão negros, vai regressar a escravidão e desta vez não é uma escravidão imposta, é uma escravidão voluntária, as pessoas vão aceitar trabalhar por tuta e meia, e muitos vão encher a pança, tal como na idade média.

    Cumprimentos cordiais

    Luís Passos

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