sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

A lição da Praça Tahrir

Como quem vê o fim por perto Mubarak agarra-se ao poder como uma lapa. É quase sempre patético ver um fim de um diatador. Por mais dignidade que tente manter, quando a força bruta deixa de funcionar fica apenas a megalomania de um simples ser humano que se julga indispensável. Mas uma coisa é certa: Mubarak tem os dias contados. Até ele o sabe. Apenas procura uma saída que não seja a de ser escorraçado do seu próprio país.

Talvez venha aí a democracia. E seria uma lição extraordinária. Uma lição, antes de mais, para os que sempre encontram nas culturas alheias a incapacidade de viver em liberdade. Enganam-se, como deviam saber. Todos os povos têm uma sede natural de liberdade. Uma lição para os que acreditaram que a democracia só podia nascer como ato civilizador do Ocidente. À bomba, se preciso fosse. Como se a liberdade não tivesse de ser sempre uma conquista. 

Todos se lembram da teoria do dominó. A intervenção militar no Iraque faria nascer ali uma democracia. E a partir daquele exemplo os vizinhos, maravilhados com tamanho feito, se converteriam à democracia entregue a casa e fabricada em gabinetes de Washington. José Manuel Fernandes até deixou cair uma lágrima furtiva quando os tanques do invasor chegaram a Bagdade e comparou aquele dia ao nosso 25 de Abril. A arrogância imperial tem sempre qualquer coisa de ingenuidade quando se maravilha com os seus próprios crimes. Sabemos que nada disso aconteceu. Apenas morte e ódio. A conclusão seguinte foi a única que estava à mão: aqueles povos não foram feitos para a liberdade.
Pois o efeito dominó aconteceu. Não a partir do Iraque. Começou na Tunísia. Da única forma que pode começar. Pelas mão do seu próprio povo. E alastrou para o Egito, para a Argélia, para a Jordânia, para o Iémen. Não foi graças à intervenção de nenhum libertador externo. Pelo contrário, foi contra os seus aliados de sempre. Apanhou a Europa e os EUA de surpresa. A Casa Branca tenta dar uma cambalhota rápida e depois de décadas de cumplicidade com a ditadura tem a suprema lata de dar conselhos aos egípcios. Sarkozy e ministros tentam explicar como passaram férias às custas do dinheiro roubado aos egípcios. E são atacados pelos socialistas, os mesmos que tinham, na sua Internacional, a companhia de Mubarak e Ben Ali. Enquanto os egípcios se libertam do ditador, arriscando a sua vida, a Europa e os EUA envergonham-se da sua própria hipocrisia. 

Todos os povos, mais tarde ou mais cedo, procuram a liberdade. E só a essa, conquistada por si e sem tutores, dão realmente valor. A praça Tahrir serve de lição. Não apenas aos que sofrem a opressão de outras ditaduras - de Havana a Teerão -, mas aos que julgam que a democracia se exporta à bomba, contra a vontade dos que devem construir. 

Daniel Oliveira in Expresso

Na minha analise, penso que o que se passou nestas localidades deve ser bem analisado e reflectido pelo povo português. Recordo-me perfeitamente aqui à uns anos de o povo descontente com a governação, proferir frases como "Quando é que vem ai a revolução??"; "quando é que voltamos ao caminho de Abril??"; "Foi para isto que fizemos uma revolução??"; "Quando é que as forças voltam novamente a pegar em armas e a depor o governo?". 

Bem realmente em Portugal existe este mito sebastiânico que um dia há-de vir um salvador que vai resolver os problemas todos do nosso pais, e por isso as pessoas não precisam de correr para encontrar soluções. As pessoas encostam-se... o Exercito que faça revoluções, as Forças Militarizadas que façam revoluções, mas o povo... revoluções? nahhh Estão condenadas ao fracasso a partida... pensavam eles.

Como bem se viu, precisamente ao contrario. O povo nem sabe o poder que tem. 
Em Portugal o povo e espoliado, enganado, imbecilizado por uma cleptocracia decadente que toda a riqueza absorve; o povo, esse, macambuzio e imbecilizado... deixa-se ir... votando sempre nos mesmos patetas, acreditando nas mesmas historias da carochinha...

Vivemos neste momento numa ditadura de partidos, bem pior que a de Salazar. Antes no tempo do Estado Novo, quem fosse apanhado a falar mal do governo, era apanhado pela PIDE, levava uns chapadões e umas vergastadas ou passava uns tempos na cadeia. Agora se falares mal do governo és despedido ou ostracizado (lembram-se do professor charrua??). Antigamente para poderes atingir altos cargos tinhas de ser membro da União Nacional, hoje em dia tens de ser membro do partido que tiver no governo. Volta-se o disco... mas a musica é a mesma.

Por isso apoio o movimento 1 milhão na avenida, o povo tem de se deixar de patetices e agarrar o touro pelos cornos, ser dono do seu destino. Colocar esta corja toda para correr daqui para fora, nomear um governo de salvação nacional, vigorante durante um período de 5 anos até as contas publicas estarem em ordem de modo a conseguir relançar-se a economia, por o pais a produzir riqueza, melhorar a qualidade do ensino, e fazer de Portugal um pais moderno, prospero e com futuro.

Está nas mãos dos Portugueses... Ontem já era tarde!

Cumprimentos cordiais

Luís Passos

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