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terça-feira, 24 de maio de 2011

Mais de 200 mil pessoas já desistiram de procurar emprego em Portugal

Além dos 688 mil desempregados, há 204 mil pessoas dadas como inactivas porque já não procuram trabalho e não contam para as estatísticas do desemprego.

Não é raro ouvir-se empresários dizer que têm lugares disponíveis e não encontram trabalhadores para os ocupar. Mas o contrário também é verdade. Há cada vez mais pessoas - sobretudo mulheres - a desistir de procurar emprego e que passam para a situação de inactividade. Umas porque, embora estejam disponíveis para trabalhar, já não procuram um emprego. Outras porque simplesmente acham que não têm lugar no mercado de trabalho, devido às suas baixas qualificações ou à idade.

Se estas 204 mil pessoas contassem para as estatísticas, o número de desempregados disparava dos 689 mil para os 892 mil. E a taxa de desemprego, que, no primeiro trimestre de 2011, atingiu o nível histórico de 12,4 por cento, estaria nos 15,5 por cento.

In: Publico
 
De facto estes números impressionam, há muito desemprego não registado, dado que em muitos casos as pessoas preferem não se inscrever no centro de emprego para um novo emprego, dado que aquilo não funciona, é algo a evitar e só causa transtornos. Por outro lado, tal como diz a peça, quando chegar o verão penso que haverá uma debandada, é o mês das férias, e penso que alguns irão fazer a uma fézinha lá fora, e se encontrarem algo interessante já não regressam. Outros, quando os parentes vierem de férias, voltam com eles para os países onde residem, alguns até já terão até emprego pré-negociado por lá.

Mas tem de ser  assim, porque a nossa economia está a encolher, e não consegue absorver tanta mão de obra. Os numeros reais do desemprego devem de facto andar pelos 800.000 desempregados. É muita gente, quase 1/10 da população total, e deve andar perto dos 15 a 20% da população activa. O nosso desemprego está a aproximar-se à velocidade do TGV do nível de desemprego espanhol.

Eu não sou sociólogo, nem percebo nada de engenharia social, mas de modo empírico parece-me que se o desemprego atingir a barreira psicológica dos 20-22% da população activa, poderão haver convulsões sociais muito fortes em Portugal. Neste momento com perto 15% de desemprego real o povo está calmo, apesar de lhe faltar comida na barriga. Eu conheço muita gente que já só faz 1 refeição quente por dia porque o dinheiro não chega para fazer 2. Conheço crianças que a única refeição quente que fazem é na cantina das escolas. Em casa só comem bolachas e bebem leite.

Conheço familias de 4 pessoas que para os 4, um exemplo de refeição são umas batatas cozidas e uma lata de atum regada com um pouco de azeite, e se houver sorte, 1 ou 2 ovos cozidos.

Estamos a voltar aos anos 60 amigos, ou 50, em que numa família tinha para comer meia dúzia de sardinhas, ou penas um naco de pão. Os temos de miséria e escravidão estão ai... E o pior é que não há nada que o povo possa fazer, excepto eventualmente mostrar a sua indignação. 

O problema são as nossas elites que não estão preparadas para governar, os nossos empresários que são tacanhos, medíocres e de vistas curtas. Alguns poucos tem ousadia, investem em negócios lucrativos, criam emprego, mas são muito poucos. Não temos neste momento ninguém com visão.

Os partidos só servem para tomar o orçamento de assalto e dividi-lo pelas suas clientelas. Não se fazem reformas estruturais, não de dinamiza a economia. Podíamos ter sido dos países mais ricos do mundo neste momento... e só não o somos devido a nossa mesquinhez e ignorância.

Cumprimentos cordiais

Luís Passos

terça-feira, 17 de maio de 2011

Precisamos de uma Pos-Troika



Um verdadeiro retrato do pais!

Cumprimentos cordiais

Luís passos

segunda-feira, 16 de maio de 2011

A CANÇÃO PROIBIDA DE PACO BANDEIRA


Rapaziada,

Mais uma musica que retrata o nosso pais, nesta vez pela voz do inconfundível Paco Bandeira!

É um sinal de como este pais está a apodrecer a alta velocidade... mais rápido que o TGV.

Cumprimentos cordiais

Luís Passos

sábado, 16 de abril de 2011

Filme de terror à portuguesa...

Noticia - Portugal pode precisar de 100 mil milhões de euros.
Noticia - Portugal continuará em recessão em 2012, avisa FMI.
Noticia - O processo de reequilíbrio orçamental "não vai ser rápido, nem fácil" - FMI.
Noticia - Portugal vai sofrer cortes durante muito tempo - FMI.

Raphael Minder, jornalista correspondente do New York Times para a "Ibéria", vai com uns amigos ao estádio da Luz "cheio" ver o PSV numa 5ª feira, na 6ª feira encontra o Bairro Alto "a abarrotar como se fosse Madrid nas melhores noites" e no sábado não conseguiu jantar em 3 restaurantes devido ao excesso de clientes em espera!

A jornalista norte-americana considera a hipótese de Portugal estar divido em dois, os que sofrem e os outros.Penso que não é verdade dado muitos estarem já a sofrer consequências directas e impactos directos da crise, os que sobram não "alimentam" este "monstro de consumo".
Raphael Minder considera que também se pode dar o facto de os portugueses se estarem a aperceber da crise e estar a aproveitar os últimos momentos para festejar à grande até cair o pano.Discordo, desse ponto de vista andamos é a festejar como se não houvesse amanhã há mais de 20 anos.

A ultima hipótese considerada pela jornalista do NYT é a de os portugueses, surpreendentemente, não se terem ainda apercebido da imensa gravidade da crise que os colheu em cheio!
Esta hipótese, sinceramente, é a mais provável e a mais aterradora...

sexta-feira, 18 de março de 2011

Não há inocentes!

Por: Nuno Garoupa
In: Negócios Online

O PEC IV mostrou ao País o abismo em que Portugal tem alegremente caminhado nos últimos meses. 

(1) O PEC IV mostrou ao País o abismo em que Portugal tem alegremente caminhado nos últimos meses. Os portugueses começam a compreender que afinal os Velhos do Restelo tinham razão. Eles andaram a avisar durante anos que vinha a crise total e a ruína. Chegou agora no seu esplendor (devo dizer que bem pior que as previsões dos mais pessimistas). E percebem que o PEC IV não vai ser o último. Na verdade, a desgraça e a penúria começam agora para prolongar-se durante muitos anos, possivelmente toda a década. Claro que ninguém, mas absolutamente ninguém, acredita no PEC IV. Os mercados financeiros nem reagiram. Os líderes europeus disseram o mesmo de sempre, pois Portugal está já completamente isolado e à completa mercê dos seus credores. A própria Merkel voltou a repetir as mesmas palavras da semana anterior aquando da visita de Sócrates a Berlim (quando os "Abrantes" diziam que a interpretação correcta dessas palavras é que não havia necessidade de mais medidas). Depois do PEC IV virá o PEC V e assim por diante. Sem fim. E com muito sofrimento de muitos portugueses.

Só o ego cego do primeiro-ministro e a mais completa falta de realismo do PS podem explicar este PEC IV. Porque o PEC IV apenas responde à necessidade de corrigir a má execução orçamental (que estava óptima no dia anterior ao PEC IV). Basta comparar a Parte I do PEC IV com as Partes II e III. O PEC IV só é claro no que toca a novos impostos e taxas, subir receitas para o Estado e pedir ao contribuinte que pague o descontrole orçamental (neste caso concreto, tapar o buraco descoberto pelas instituições europeias na semana passada). A segunda e a terceira parte, que supostamente falam das reformas estruturais que Portugal precisa, são um conjunto de generalidade, vacuidades, promessas vazias, muitas delas já feitas no passado. O capítulo da justiça, por exemplo, mostra como o Governo não tem qualquer ideia de como resolver o imbróglio em que estamos metidos. Igualmente na saúde ou na educação.

(2) O tempo dos inocentes acabou. A ruína dos portugueses é responsabilidade de um regime perdulário e de uma classe política que governou com demagogia e facilitismo durante os últimos 20 anos. Todos têm culpa. A começar pelos eleitores que votaram sempre alegremente em quem lhes prometia um nível de vida alemão, um Estado social sueco com a produtividade portuguesa. Mas quem governou nos últimos seis anos foi o PS. Foram o PS e o seu primeiro-ministro que desenharam esta estratégia de pseudo-resistência que nos levou ao abismo; foram o PS e o seu primeiro-ministro que enganaram as contas públicas de 2009 e 2010 (basta ler a reacção duríssima do "Financial Times" e do "Wall Street Journal" aos truques orçamentais com o fundo de pensões da PT para perceber que o Ministro das Finanças tem credibilidade zero a nível internacional); foram o PS e o seu primeiro-ministro que falharam todas as reformas estruturais ao ponto de voltar a prometer pela enésima vez o que supostamente já tinha sido feito de 2005 a 2009; são o PS e o seu primeiro-ministro que não conseguem executar o orçamento porque estão dependentes de uma cultura de desperdício que alimenta as suas claques; são o PS e o seu primeiro-ministro que arrasaram o prestígio de Portugal. Em Março de 2010 havia outras alternativas, outros caminhos, outras possibilidades. Mas o PS, prisioneiro do ego cego do primeiro-ministro, decidiu esta alternativa, este caminho que nos levou até ao PEC IV.

O tempo dos inocentes esgotou-se. O Presidente da República fez finalmente o discurso que tinha que ser feito na tomada de posse. Lamenta-se que tinha sido tão tarde. O PSD compreendeu finalmente que o caminho trilhado pelo Primeiro Ministro não tem saída. Muitos milhares de portugueses saíram às ruas e manifestaram-se porque estão fartos. Houve moção de censura, mas um conjunto de artimanhas constitucionais mantém um governo minoritário, sem credibilidade interna e externa, no poder.

Estamos onde estamos porque o primeiro-ministro só tem uma preocupação e um objectivo, a sua sobrevivência política. Não há estratégia. Não há reformismo. Não há programa. Não há solução. Não há conteúdo. Não há Governo. Há resistência. Porque a Europa nos vai resolver o problema do endividamento externo? Não. Porque vamos ter reformas estruturais que vão reduzir drasticamente a necessidade de financiamento externo? Não. Porque milagrosamente isto tem solução? Não. Apenas e só porque o ego cego do Primeiro Ministro e o oportunismo das elites do PS querem sobreviver dia após dia. Enquanto o Primeiro Ministro achar que ainda lhe resta uma última oportunidade eleitoral, vamos cavar o buraco mais e mais. Enquanto o PS achar que se pode manter no poder, ninguém no partido vai abrir a boca para perguntar onde está o tal Estado social que dizem defender.

A coligação governamental irlandesa perdeu 3/4 dos seus deputados nas eleições de Março. O PSOE de Zapatero, depois do pior resultado de sempre na Catalunha em Novembro, prepara-se para uma sova eleitoral sem precedentes em Maio, onde possivelmente perderá os seus feudos históricos (ao ponto de Zapatero anular a sua agenda eleitoral a pedido do partido para que não apareça). Segundo as sondagens, em Portugal, 30-35% gostam e agradecem o primeiro-ministro que temos. Boa sorte!

Professor de Direito da University of Illinois
nuno.garoupa@gmail.com

terça-feira, 15 de março de 2011

Rir com os nossos cromos - OS GARGALHOFAS


Os nossos ministros... esses malandros... a fazer-nos rir desde 2005!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Os jovens e a política [e a geração do 25 de Abril]

A geração que fez o 25 de Abril politizou todos os aspectos da vida social e económica. Viu em cada decreto-lei, em cada greve e em cada novo direito social uma conquista e um progresso. Os membros desta geração não foram capazes de compreender que a luta política é, na melhor das hipóteses, um jogo de soma nula em que cada direito conquistado por uma parte da sociedade é obtido à custa do sacrifício de outra parte da sociedade ou das gerações futuras.
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Grande parte do progresso económico e social atingido ao longo dos últimos 30 anos é artificial. Foi conseguido através da progressiva atribuição, por decreto, de direitos sociais à geração que fez o 25 de Abril. Esta geração beneficiou, como nenhuma outra antes ou depois, de empregos vitalícios, salários acima das respectivas qualificações e pensões de reforma muito acima das respectivas contribuições. Os membros desta geração de privilegiados chegaram sem mérito nem trabalho a posições que nunca teriam alcançado se a vida pública não tivesse sido politizada pela revolução. Os chamados “direitos adquiridos” da geração do 25 de Abril estão a ser pagos pelas novas gerações. Os jovens não têm emprego vitalício nem reforma garantida, mas são forçados a trabalhar para sustentar os privilégios das gerações mais velhas.
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A intervenção do Presidente da República nas comemorações do 25 de Abril criou a ideia de que os jovens não se interessam pela política partidária. Este alegado desinteresse incomodou a geração de políticos que fez o 25 de Abril. A cultura revolucionária destes políticos impede-os de perceber que a excessiva politização da vida pública não é um valor a promover mas um vício a evitar. As sociedades politizadas premeiam a habilidade política e as demonstrações de força na rua. As sociedades despolitizadas premeiam o mérito individual, o trabalho e a iniciativa empresarial. O eventual desinteresse dos jovens pela política partidária é um bom sinal. É um sinal de que a sociedade falhada construída pela geração do 25 de Abril pode ter os dias contados.

João Miranda

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Portugal aos olhos dos americanos da TWA



 Portugal na década de 1960 (TWA) from Gonçalo Ramos Ferreira on Vimeo.


Um retrato de Portugal, feito nos anos 60, num video promocional da companhia aérea americana TWA - Trans World Airline.
De facto neste vídeo Portugal é retratado como um local bucólico, sem grandes infra-estruturas fora dos meios urbanos, com grande parte da população no sector primário (pescas e agricultura), sem grandes vias de comunicação, um pais essencialmente pobre mas com um grande passado (tal como Salazar gostava de afirmar).

Hoje temos vias de comunicação, temos a geração mais bem preparada de sempre, mas somos um pais pobre na mesma, atrasado e sem perspectivas. Pergunto eu... O que terá mudado ao longo destes anos todos? Apenas alguns factores de ordem social, tercearizou-se a economia, destruíram-se os sectores produtivos, mas a pobreza geral continuou, ou seja, a população hoje não vive melhor que vivia, tem é o nível de conforto adaptado aos tempos actuais, mas isso não significa que viva melhor.

Um video bem interessante, a não perder.

Cumprimentos cordiais

Luís Passos

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A geração do Baby-boom - Os destruidores de Portugal

Retirado dos Comentários do Blasfémias:

Aprecio a capacidade da nomenclatura que nos desgoverna e que vive bem neste sistema, de dar a volta ao texto e de hipocritamente passar as culpas para uma geração inteira.
A culpa na verdade é única e exclusiva dum sistema político que pôs o Estado ao serviço de uma suposta elite que, para se governar economicamente, desgovernou este país.
A tríade banqueiros, empresas de construção civil e grandes escritórios de advogados, corromperam os políticos para olharem para o lado enquanto saqueavam os impostos dos contribuintes e as remessas da CEE.
Este dinheiro fácil levou aos investimentos sem risco na compra das EDPs, Galps, PTs, Brisas, e a investimentos desnecessários para encher os bolsos a algumas Mota Engil deste país.
Naturalmente que os investimentos com algum risco, como por exemplo, a renovação da indústria textil, do calçado, na metalomecânica, nos moldes, nos componentes electrónicos e na transformação de matéria prima nacional ficaram na gaveta ou foram feitos por quem não tinha capacidade financeira para os potenciar.
E mesmo que tenham sucesso nestes empreendimentos, como não têm o suporte da banca e dos grandes lobies dos partidos do alterne, são obrigados a suportar impostos de caixão à cova, para produzirem têm de pagar à EDP balúrdios pela energia de má qualidade, para exportarem os produtos que fabricam têm de pagar os combustíveis a preços nas nuvens e circular e transportá-los em auto estradas com custos de luxo.
Pois são estes investimentos que geram o maior número de empregos e o maior número de exportações!
Pode, por exemplo, o Berardo ser acusado de não investir na indústria de produção dos chamados “bens transacionáveis” se ganha milhões na especulação bolsista sem qualquer risco?
Quem foram os responsáveis pela implementação desta política que destruiu o tecido produtivo português e que não permite a sua reconstrução impedindo o crescimento económico deste país e a criação de empregos de qualidade e com salários mais justos?
Foi toda uma geração ou foram só alguns como o Mário Soares, Cavaco Silva e a sua quadrilha de futuros malfeitores, Durão Barroso, Vitor Constâncio, José Sócrates e o seu bando de abutres, António Guterres, Pina Moura, Durão Barroso, Teixeira dos Santos, etc.?
E com isto não pretendo ilibar “Este povo não presta” de Luís Manuel Cunha, que votou nesta escumalha, pois foi enganado por uma comunicação social e pelos fazedores de opinião bem conhecidos que vivem nesta lama como o peixe na água.

Enquanto este pais não perceber que em vez de andar com joguinhos de especulação bolsista e imobiliária tem de investir no sector dos bens transaccionáveis porque é isso que produz riqueza, gera emprego e coloca o dinheiro a circular permitindo uma repartição mais justa, não vai a lado nenhum. De facto esta geração do Baby-Boom deixou o nosso pais de gatas.

Vamos ver se a geração de 80 e 90 tem unhas para o re-erguer!

Cumprimentos cordiais

Luís Passos


Tudo o que espoliámos à “geração sem remuneração”

 
Quando o FMI chegou pela segunda vez a Portugal, em 1983, eu tinha 26 anos. Num daqueles dias de ambiente pesado, quando havia bandeiras pretas hasteadas nos portões das fábricas da periferia de Lisboa, quando nos admirávamos com ser possível continuar a viver e a trabalhar com meses e meses de salários em atraso, almocei com um incorrigível optimista no Martinho da Arcada. Nunca mais me esqueci de uma sua observação singela: “Já reparaste como, apesar de todos os actuais problemas, a nossa geração vive melhor do que as dos nossos pais? Tenta lembrar-te de como era quando eras miúdo…”
Era verdade: a minha geração viveu e vive muito melhor do que a dos seus pais. E eles já viveram melhor do que os pais deles. Mas quando olho para a geração dos meus filhos, e dos que são mais novos do que eles, sinto, sei, que já não vai ser assim. E não vai ser assim porque nós estragámos tudo – ou ajudámos a estragar tudo. Talvez aqueles que são um bocadinho mais velhos do que eu, os verdadeiros herdeiros da “geração de 60”, os que ocuparam o grosso dos lugares do poder nas últimas três décadas, tenham um bocado mais de responsabilidade. Mas ninguém duvide que o futuro que estamos a deixar aos mais novos é muito pouco apetecível. E que o seu presente já é, em muitos aspectos, insuportável.
Começámos por lhes chamar a “geração 500 euros”, pois eram licenciados e muitos não conseguiam empregos senão no limiar do salário mínimo. Agora é ainda pior. Quase um em cada quatro pura e simplesmente não encontram emprego (mais de 30 por cento se tiverem um curso superior). Dos que encontram, muitos estão em “call centers”, em caixas de supermercados, ao volante de táxis, até com uma esfregona e um balde nas mãos apesar de terem andado pela Universidade e terem um “canudo”. Pagam-lhes contra recibos verdes e, agora, o Estado ainda lhes vai aplicar uma taxa maior sobre esse muito pouco que recebem. Vão ficando por casa dos pais, adiando vidas, saltitando por aqui e por ali com medo de compromissos.
Há 30 anos, quando Rui Veloso fixou um estereótipo da minha geração em “A rapariguinha do Shopping”, a letra do Carlos Tê glosava a vaidade de gente humilde em ascensão social, fosse lá isso o que fosse: “Bem vestida e petulante/Desce pela escada rolante/Com uma revista de bordados/Com um olhar rutilante/E os sovacos perfumados/…/Nos lábios um bom batom/Sempre muito bem penteada/Cheia de rimel e crayon…”
Hoje, quando os Deolinda entusiasmam os Coliseus de Lisboa e do Porto, o registo não podia ser mais diferente: “Sou da geração sem remuneração/E não me incomoda esta condição/Que parva que eu sou/Porque isto está mal e vai continuar/Já é uma sorte eu poder estagiar…” Exacto: “Já é uma sorte eu poder estagiar”, ou mesmo trabalhar só pelo subsídio de refeição, ou tentar a bolsa para o pós-doc depois de ter tido bolsa para o doutoramento e para o mestrado e nenhuma hipótese de emprego. Sim, “Que mundo tão parvo/Onde para ser escravo é preciso estudar…”
É a geração espoliada. A geração que espoliámos.
Sem pieguices, sejamos honestos: na loucura revolucionária do pós-25 de Abril, primeiro, depois na euforia da adesão à CEE, por fim na corrida suicida ao consumo desencadeada pela adesão à moeda única e pelos juros baixos, desbaratámos numa geração o rendimento de duas gerações. Talvez mais. As nossas dívidas, a pública e a privada, já correspondem a três vezes o produto nacional – e não vamos ser nós a pagá-las, vamos deixá-las de herança.
Quisemos tudo: bons salários, sempre a subir, e segurança no emprego; casa própria e casa de férias; um automóvel para todos os membros da família; o telemóvel e o plasma; menos horas de trabalho e a reforma o mais cedo possível. Pensámos que tudo isso era possível e, quando nos avisaram que não era, fizemos como as lapas numa rocha batida pelas ondas: enquistámos nas posições que tínhamos alcançado. Começámos a falar de “direitos adquiridos”. Exigimos cada vez mais o impossível sem muita disposição para darmos qualquer contrapartida. Eram as “conquistas de Abril”.
Veja-se agora o país que deixamos aos mais novos. Se quiserem casa, têm de comprá-la, pois passaram-se décadas sem sermos capazes de ter uma lei das rendas decente: continuamos com os centros das cidades cheios de velhos e atiramos os mais novos para as periferias. Se quiserem emprego, mesmo quando são mais capazes, mesmo quando têm muito mais formação, ficam à porta porque há demasiada gente instalada em empregos que tomaram para a vida. Andaram pelas Universidades mas sabem que, nelas, os quadros estão praticamente fechados. Quando têm oportunidade num instituto de investigação, dão logo nas vistas, mas são poucas as oportunidades para tanta procura. Pensaram ser professores mas foram traídos pela dinâmica demográfica e pela diminuição do número de alunos. Sonharam com um carreira na advocacia, mas agora até a sua Ordem se lhes fecha. Que lhes sobra? As noites de sexta-feira e pensarem que amanhã é outro dia…
E observe-se como lhes roubámos as pensões a que, teoricamente, um dia teriam direito: a reforma Vieira da Silva manteve com poucas alterações o valor das reformas para os que estão quase a reformar-se ao mesmo tempo que estabelecia fórmulas de cálculo que darão aos jovens de hoje reformas que corresponderão, na melhor das hipóteses, a metade daquelas a que a geração mais velha ainda tem direito. Eles nem deram por isso. Afinal como poderia a “geração ‘casinha dos pais’” pensar hoje no que lhe acontecerá daqui a 30 ou 40 anos?
Esta geração nunca se revoltará, como a geração de 60, por estar “aborrecida”, ou “entediada”, com o progresso “burguês”. Esta geração também não se mobilizará porque… “talvez foder”. Mas esta geração, que foi perdendo as ilusões no Estado protector – ela sabe muito bem como está desprotegida no desemprego, por exemplo… –, habituou-se também a mudar, a testar, a arriscar e, sobretudo, a desconfiar dos “instalados”.
Esta geração talvez já tenha percebido que não terá uma vida melhor do que a dos seus pais, pelo menos na escala que eles tiveram relativamente aos seus avós. Por isso esta geração não segue discursos políticos gastos, nem se deixa encantar com retóricas repetitivas, nem acredita nos que há muito prometem o paraíso.
Por isso esta geração pode ser mobilizada para o gigantesco processo de mudança por que Portugal tem de passar – mais do que um processo de mudança, um processo de reinvenção. Portugal tem de deixar de ser uma sociedade fechada e espartilhada por interesses e capelinhas, tem de se abrir aos seus e, entre estes, aos que têm mais ambição, mais imaginação e mais vontade. E esses são os da geração “qualquer coisa” que só quer ser “alguma coisa”. Até porque parvoíce verdadeira é não mudar, e isso eles também já perceberam…

In: Publico (4/10/2011) via Blasfémias

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Um retrato de Portugal actual

Uma Historia que se repete 
1896 - 2011
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;  este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."

Guerra Junqueiro, 1896.

XUTOS & PONTAPES: Sem eira nem beira



HINO AO PORTUGAL ACTUAL!!!!!

O que é preciso neste momento são musicas de intervenção como esta... no tempo da ditadura tinhamos o Zeca Afonso, o Fernando Tordo e outros... agora... o que temos?
Tivemos os Xutos e agora recentemente os Deolinda (ver post anterior).

Esperemos que mais apareçam para mobilizar as pessoas para mudarmos o nosso pais!
Não podemos desperdiçar outra geração!

Cumprimentos cordiais

Luís Passos

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Portugal, um pais sem Futuro

Um pais sem Futuro

Por: Paulo Pinto Mascarenhas, Correio da Manhã

Um país num beco sem saída. É esta a imagem com que ficamos quando chegamos à última página do livro ‘Segurança Social – O Futuro Hipotecado’, de Fernando Ribeiro Mendes. Ninguém pode dizer que o autor não sabe do que fala: Ribeiro Mendes foi secretário de Estado da Segurança Social entre 1995 e 1999, era ministro Vieira da Silva e primeiro-ministro António Guterres. 

O economista conhece a realidade como poucos e, no livro que hoje é lançado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos – mais um serviço público da instituição privada dirigida por António Barreto –, traça um retrato assustador do futuro do País. É ele próprio quem assume que as chamadas "reformas" que se fizeram nos últimos anos foram largamente insuficientes, para não dizer pior. Crescimento e competitividade são as únicas receitas para combater esta sucessiva hipoteca do País. Mas já não chegam para remediar a situação. 

Quem estiver hoje na casa dos 40/50 anos deve simplesmente esquecer os valores da pensão que o Estado lhe prometeu e para a qual descontou décadas a fio. É literalmente no poupar que está o ganho – e a aposta deve ser na poupança privada. As pensões já foram reduzidas em 2007 e, provavelmente, a idade da reforma terá de vir a ser de novo aumentada. Como explica Ribeiro Mendes no livro com pouco mais de 100 páginas, poderá haver no futuro próximo, num cenário a médio prazo, tectos para as reformas a partir dos quais estas não serão pagas. Leiam com atenção: a mensagem deste livro não é pessimista, mas apenas realista. 

Continuamos a viver acima das possibilidades e quem vai pagar a factura no fim da festa serão os nossos filhos e os nossos netos. Mas todos nós, também: não suspirem de alívio os mais velhos, porque o preço da dívida já se vai começar a sentir este ano e no próximo, cada vez mais. 

É obrigatório que os políticos comecem a dizer a verdade aos portugueses. Ribeiro Mendes lembra que já em 2009 era mais do que conhecido o estado incomportável da Segurança Social. Mas, como se estava em ano de eleições, nada se disse sobre o assunto. Bem pelo contrário, voltou a prometer-se bolsas e subsídios.
Parece claro o diagnóstico, mas não há soluções milagrosas para a doença que afecta Portugal. A manta pública vai ter de ser mais curta e não irá chegar para cobrir tudo e todos. Defender menos Estado e melhor Estado vai deixar de ser um ‘slogan’ e passar a ser uma exigência nacional. 

Muito interessante esta crónica, praticamente está tudo dito, dificilmente poderei acrescentar algo sem repetir o autor. É urgente que o povo se mentalize que esta é a realidade, não vale a pena andar com paninhos quentes, os tempos que ai vêm vão ser muito duros, o pais vai retroceder muitos anos no que toca a aspectos que achávamos que eram direitos adquiridos.

Tal como aconteceu no estado novo, a guerra colonial e a situação politica vigente foram o catalisador para a eclosão de uma mudança de regime, no momento presente penso que o catalisador será a ECONOMIA, tal como Medina Carreira também já referiu.

Será pela ECONOMIA (ou pela falta dela mais concretamente) que se irão opera mudanças dramáticas neste pais. Era preferível que essas mudanças se dessem de forma tranquila e gradativa, mas julgo que há semelhança da Tunísia e Egipto, essas mudanças vão ocorrer de uma forma violenta, rápida, intempestiva e não é pelo facto de estarmos na U.E. que essas situações não deixarão de acontecer... 

É uma pena... este poderia ser o melhor pais da Europa para se viver... e no entanto... e uma desgraça a todos os níveis, estamos ao mesmo nível do Brasil no período do Color de Mello. A corrupção é por todos os lados, a roubalheira, o safe-se quem puder. O pais não consegue aguentar mais tanta paulada... alguma coisa vai ceder... É aguardar os próximos episódios...

Cumprimentos cordiais

Luís Passos